João Arcanjo Ribeiro, o “Comendador” do bicho em Cuiabá será ouvido hoje pelo juiz Julier Sebastião da Silva. Um grande aparato foi montado para o transporte do réu mais famoso de Mato Grosso, da Penitenciária Pascoal Ramos até a sede da Justiça Federal em Cuiabá. Mas não existe ainda uma certeza de que ele será mesmo ouvido. O suspense está no ar e vai até às 14h30, horário que está marcado para o início do depoimento. Não se sabe nem mesmo se Arcanjo sairá de sua nova residência, a cela de 4×4 do Pascoal Ramos para ser ouvido. Tudo porque a qualquer momento o Tribunal Regional Federal poderá conceder uma liminar ao mandado de segurança impetrado por seus advogados para barrar o interrogatório.
Hospedado na Penitenciária de Pascoal Ramos desde o último sábado, quando veio, extraditado do Uruguai, João Arcanjo ainda não falou. Em sua confortável cela, segundo os policiais que fazem sua segurança, se limita apenas a afirmar que está tudo bem. Portanto, a expectativa em torno de seu primeiro depoimento vem gerando um ansiedade muito grande. Todo mundo quer saber se o “Comendador” vai mesmo abrir a boca ou se manterá, como é seu costume, a boca fechada, sem detalhar qualquer coisa.
Na sede da Justiça Federal em Cuiabá, a expectativa é grande. Tudo está sendo preparado para receber o mais ilustre preso do Estado. A segurança promete ser digna de chegada do papa a Cuiabá. Muitos agentes já estão de plantão para dar segurança ao ilustre preso que tem muito a detalhar sobre suas atividades no tempo em que de um simples policial civil se transformou no homem mais rico de Mato Grosso e no todo poderoso.
Mas se a expectativa em torno do interrogatório é grande, a desconfiança de que haverá mesmo este encontro em o “Comendador” e o juiz Julier Sebastião da Silva é ainda maior. Se depender dos advogados de João Arcanjo este encontro não acontecerá hoje. O advogado Zaid Arbid protocolou ontem no Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF) um mandado de segurança onde invoca a suspeição do magistrado para tentar barrar o interrogatório marcado para hoje, às 14h30, no prédio da Justiça Federal. O depoimento foi determinado por Julier no dia 13, segunda-feira passada, exatamente quando a defesa de Arcanjo conseguiu a primeira vitória contra o juiz com uma liminar no TRF que declarou a suspeição do magistrado e o afastou de três processos onde ele figura como réu.
A desconfiança é tão grande de que não aja este encontro que a assessoria de imprensa da Justiça Federal não confirma o interrogatório. Porém, tanto a Polícia Federal, quanto a Polícia Militar, continuam prontos para o aparato de transporte e segurança do réu.
O mandado de segurança que pode frustrar o primeiro depoimento do “Comendador” foi distribuido ao desembargador Tourinho Neto, do TRF, como todos que se referem ao mesmo réu. Até às 8h30 desta sexta-feira não havia qualquer despacho. Mas isso ainda pode acontecer até às 14h30, horário marcado para o interrogatório.
Julier está afastado de três processos do “Comendador”, o que não inclui o de crime contra o sistema financeiro, sobre o qual foi determinado o reinterrogatório (ele já foi ouvido uma vez) que deve acontecer hoje. Além desse, outros dois depoimentos já estão marcados, um no processo sobre a morte do empresário Sávio Brandão e outro como testemunha de defesa em ação que envolve dirigentes da Assembléia Legislativa.