O presidente da Associação Brasileira das Caminhoneiros (Abcam), José da Fonseca Lopes, disse que entre 70% e 80% dos caminhoneiros que participavam das manifestações nas rodovias do país já “levantaram acampamento” nos pontos de obstrução. A expectativa é de que a desmobilização seja concretizada até o final desta terça-feira (29). A entidade divulgará, até o final da tarde de hoje (28), um balanço preciso sobre a situação atual da mobilização de caminhoneiros, que já dura oito dias.
“O nível da adesão [à desmobilização] está aumentando gradativamente. Estou aguardando posição do grupo que está fazendo o levantamento. Apesar de ainda não termos um número exato [sobre o total de caminhoneiros que já se desmobilizaram], dá para dizer que de 70% a 80 % já levantaram acampamento”, disse Lopes à Agência Brasil.
Lopes explica que as manifestações que ainda ocorrem em alguns pontos de rodovias não estão relacionadas às reivindicações de caminhoneiros, mas a “gente que quer derrubar o presidente Michel Temer”. Lopes diz ter ouvido relatos de que parte do movimento dos caminhoneiros estaria sendo usado politicamente por defensores da intervenção militar.
“Nas conversas com a base, fiquei sabendo de pontos com envolvimento com intervencionistas, mas estamos trabalhando para evitar esse uso político do nosso movimento. Faremos denúncia publica sobre os pontos onde isso está ocorrendo. Se essas pessoas forem penalizadas por autoridades, com multas ou o que for, elas não terão a ajuda da Abcam”, disse à Agência Brasil o representante dos caminhoneiros.
Lopes acrescentou os pontos acordados com o governo já estão “bem encaminhados”, e que serão necessários alguns dias para que a situação se normalize no país. Ele garante não haver, neste momento, rodovias trancadas, e que os combustíveis já estão na direção dos postos.
“Apenas em São Paulo há alguns focos [de manifestação], mas agora a polícia vai desobstruir tudo. Em Brasília, por exemplo, 70% dos postos já estão com combustível normal”, disse o presidente da Abcam. “Agora que tivemos nossas reivindicações atendidas, o momento é de desmobilização”, completou.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Cargas do Rio Grande do Sul (Sinditac/RS), Carlos Dahmer, do ponto de vista classista, está tudo resolvido.
O dirigente sindical também aponta problemas que vêm sendo causados por “posições extremistas, de âmbito político”, que vão desde a defesa de uma intervenção militar até o movimento Lula Livre, que pede a soltura do ex-presidente, passando pelo Fora Temer. “A gente respeita os que defendem essa bandeira, mas que eles montem o seu piquete fora do nosso movimento”.
Em Mato Grosso, hoje, há diversos trechos bloqueados nas BRs 163 e 364 com caminhoneiros impedindo passagem de cargas – estão passando cargas vivas e materiais hospitalares/medicamentos. Ontem, com escolta da PRF, uma carga de 94 mil litros de combustível seguiu para Sorriso. As distribuidoras pediram hoje, durante reunião do comitê da crise, em Cuiabá, escolta para levar combustível para os postos. Alguns postos em Cuiabá, Várzea Grande e Rondonópolis receberam determinada quantidade de combustível, informou hoje o Sindipetróleo.
O governador Pedro Taques, em entrevista exclusiva ao Só Notícias, criticou a política de preços dos combustíveis do governo federal e disse que, se for para Mato Grosso reduzir o ICMS nos combustíveis, é preciso o governo federal antecipar o dinheiro do FEX – fundo das exportações- como forma de compensação.
É esperada em Mato Grosso a liberação de cargas de rações para gado, aves e suínos para fazendas e criadouros em municípios nas regiões Médio Norte e Norte.