Um gol contra do zagueiro Luiz Eduardo, aos 37 minutos do segundo tempo, deu ao Bahia uma vitória épica no estádio de Pituaçu. Na noite deste sábado, o time da casa bateu o São Paulo de virada, por 4 a 3, em jogo válido pela 33ª rodada do Brasileirão.
Wellington, Lucas e Cícero marcaram os gols do São Paulo, mas o Bahia construiu um triunfo com tentos de Souza, Lulinha e Fahel, além da infelicidade de Luiz Eduardo. Todos os lances foram construídos por atletas que Joel Santana mandou a campo durante o segundo tempo.
Com o resultado, os paulistas – que não vencem há nove jogos – perderam uma posição e agora ocupam o oitavo posto, com 50 pontos, um pouco mais longe da vaga na Libertadores-12. Já os nordestinos, que quebraram jejum de cinco jogos, seguem em 15º, mas agora com 39 pontos, menos assombrados pelo fantasma do rebaixamento.
O São Paulo volta a campo no próximo sábado, às 19 horas (de Brasília), contra o Figueirense. Será o primeiro jogo de Leão no Morumbi nesta nova passagem. Já o Bahia joga no domingo, também às 19 horas, contra o Atlético-GO, em Goiânia.
O jogo – Emerson Leão foi obrigado a sacar o suspenso Xandão, mas não abriu mão do esquema com três zagueiros e escalou o jovem Luiz Eduardo ao lado de João Filipe e Rhodolfo. Além de aumentar a proteção ao goleiro Denis – substituindo o contundido Rogério Ceni pela segunda vez seguida-, o trio de defensores libera o avanço dos laterais e dos velozes homens de frente.
A teoria demorou para ser posta em prática pelo São Paulo em Salvador. Os laterais Piris e Cícero (improvisado na vaga do barrado Juan), Lucas e Dagoberto encontravam dificuldades para voltar até o meio-campo e servir Luis Fabiano. Resultado: o time visitante não conseguia segurar a bola em seu campo ofensivo e era sufocado pelos mandantes.
A primeira chance do Bahia foi criada aos 12 minutos, quando Souza aplicou drible desconcertante em João Filipe pela direita e cruzou com veneno para Fahel cabecear com muito perigo. A torcida se levantou, mas o time comandado por Joel Santana também tinha seus defeitos e o maior deles era a falta de um meia que se aproximasse de Souza. Ricardinho e Carlos Alberto, que costumam desempenhar essa função, não jogaram por razões físicas.
Wellington, destaque do meio-campo são-paulino, foi o responsável por mudar o jogo. Aos 21 minutos, ele recebeu perto do bico direito da grande área, passou por Diones com um chapéu e bateu de primeira, cruzado, para superar Marcelo Lomba e acabar com o sofrimento do time paulista. A abertura do placar encheu o São Paulo de confiança e as jogadas começaram a fluir.
Apagado nos jogos anteriores, Lucas sobrou em campo. Com dribles curtos e muita velocidade, voltou a mostrar o futebol que dele se espera e participou de quase todas as ações ofensivas do time. Na melhor delas, aos 32 minutos, o camisa 7 deixou Fabinho no chão pela esquerda e achou Luis Fabiano, que teve tempo de dominar e ajeitar o corpo antes de chutar em cima de Marcelo Lomba. O goleiro ainda faria outra grande defesa em tiro disparado por Dagoberto na entrada da área, no minuto seguinte.
No intervalo, Joel trocou Gabriel por Júnior na tentativa de acabar com a solidão de Souza. A mudança demorou 51 segundos para surtir efeito. Foi esse o tempo que Júnior demorou para lançar Souza, que passou por João Filipe pela esquerda e bateu cruzado para empatar o jogo.
Mas Lucas estava mesmo em grande noite. Um minuto depois do gol do Bahia, o jovem são-paulino recebeu de Dagoberto, arriscou de longe e acertou o ângulo direito de Marcelo Lomba, marcando mais um golaço. O último gol da revelação tricolor havia saído no dia 7 de setembro, contra o Atlético-MG, no Morumbi. Eram dez jogos de jejum e muitas cobranças.
A reação imediata dos visitantes abalou o Bahia, que passou a errar passes com frequência e fez com que Joel Santana apostasse na entrada do ex-corintiano Lulinha na vaga de Magno. Os gritos de "burro" da torcida da casa foram imediatamente substituídos pelo barulho da vibração são-paulina, já que Cícero, aos 14, pegou a sobra após cruzamento da direita e mandou bola rasteira que ainda beijou a trave direita do goleiro antes de se encontrar com a rede: 3 a 1.
O jogo ficou aberto e as chances apareceram para os dois lados. Pouco depois de Dagoberto disparar livre pela esquerda e parar em nova defesa de Lomba, Júnior chutou de longe e viu a bola carimbar a trave direita de Denis após desvio. Joel queimou sua última alteração aos 22, com Nikão na vaga de Diones.
Outra vez, o resultado da mudança veio rápido. Aos 24, Nikão passou por Piris pela esquerda e cruzou rasteiro para o contestado Lulinha aparecer na pequena área e diminuir a desvantagem. Os paulistas reclamaram de falta em Rhodolfo, que desabou antes que a bola chegasse ao ex-corintiano. O juiz nada marcou e o São Paulo sentiu. Leão trocou João Filipe por Rodrigo Caio, mas não conteve o ímpeto baiano: aos 28, Souza cruzou da esquerda e Fahel cabeceou para as redes, deixando tudo igual novamente.
Marlos ganhou a vaga de Dagoberto no São Paulo, mas o time já estava perdido em campo. Para piorar, em nova jogada de Nikão pela esquerda, Luiz Eduardo marcou contra ao tentar evitar que a bola chegasse a Souza. Contrariado, Emerson Leão ainda tirou o machucado Rodrigo Caio para colocar Denílson. O técnico deu bronca nos médicos são-paulinos porque, segundo ele, o jovem volante ficou em campo sem condições e prejudicou a marcação no lance do quarto e decisivo gol.