O clima era o mais assustador possível. A morte do pontepretano Anderson Tomás, de 28 anos, a dois dias da partida transformou a partida em “altíssimo risco” e afastou a torcida. Porém, em campo, reinou a paz e tudo foi “aliviado” com a repetição do resultado do jogo anulado pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD).
Em uma boa atuação, a Ponte Preta derrotou o São Paulo por 2 a 0, na noite desta quarta-feira, e evitou assim o medo de invasões de campo e muita contestação, como visto, por exemplo, no clássico entre Santos e Corinthians, na última semana. Foi ainda o primeiro resultado semelhante das oito partidas remarcadas pelo tribunal por terem sido apitadas por Edílson Pereira de Carvalho.
No duelo anterior, a Macaca ganhou por 1 a 0, em 2 de julho. Restam ainda mais três jogos a serem repetidos por conta das confusões de Carvalho, envolvido em um esquema de manipulação de resultados para beneficiar apostadores de sites clandestinos.
Com a repetição da vitória, a Ponte vai a 44 pontos e ultrapassa o próprio São Paulo para assumir a décima colocação. As duas equipes estão igualadas na pontuação, mas o time de Campinas leva vantagem no número de vitórias (13 a 12). De quebra, a Macaca entra na zona de classificação à Copa Sul-americana em 2006.
Para obter o triunfo, o alvinegro aproveitou as falhas de marcação do Tricolor no primeiro tempo e abriu o placar com Izaías, aos 20 minutos. Na etapa final, o árbitro deu pênalti sobre o mesmo atacante e, após reclamação dos são-paulinos, o meia Élson selou a vitória dos anfitriões, aos 26.
As duas equipes voltam a jogar neste sábado pela 33ª rodada. O São Paulo faz o clássico contra o Santos, no Morumbi, e a Ponte Preta visita o desesperado Figueirense, no estádio Orlando Scarpelli.
O jogo
Os últimos fatos fora dos estádios afastaram o torcedor e poucos foram os que vieram ao Moisés Lucarelli. Enquanto a Polícia Militar triplicou o seu contingente fora do campo, o estádio teve pouco mais de três mil pessoas em uma partida com ingressos gratuitos, menos que os 10.072 pagantes, que vieram no confronto anulado pelo STJD.
As provocações entre os torcedores foram uma constante na última hora antes do jogo, que só parou no minuto de silêncio ao pontepretano Anderson Tomás, de 28 anos, assassinado por são-paulinos na segunda-feira. Após a homenagem, a torcida, enfim, esqueceu a troca de ofensas e assistiu a um movimentado primeiro tempo.
Mesmo com uma formação desfigurada, o São Paulo começou melhor e, através do meia Leandro Bomfim, assustou o adversário em duas oportunidades nos cinco minutos iniciais de jogo. Na melhor delas, o meia cruzou para Christian exigir bela defesa de Lauro, aos quatro.
A Ponte porém acertou a marcação, passou a anular as subidas dos laterais e o trabalho do meia Danilo. Sem o seu armador, o Tricolor foi trocando passes mas, quando errava, via um contra-ataque rápido do alvinegro. E foi na base da velocidade que a Macaca abriu o placar aos 20. Élson dominou no meio, lançou Zé Carlos em velocidade, que passou para Izaías marcar. Rogério Ceni reclamou de impedimento, mas o árbitro ignorou.
A jogada animou a equipe de Campinas, que aproveitou ainda mais os espaços na zaga são-paulina para perder mais duas boas oportunidades. Aos 39, Élson deixou, agora, Danilo na cara do gol, mas o meia parou nas mãos de Rogério Ceni. Seis minutos depois, foi a vez de Zé Carlos desperdiçar na área, após outro passe de Élson.
Susto e alívio: Na etapa final, o São Paulo melhorou a marcação no meio-campo e voltou a dominar as ações. Aos 12, Rogério Ceni exigiu boa defesa de Lauro em cobrança de falta. Sete minutos depois, Denílson aproveitou o rebote de uma jogada de Thiago Ribeiro, soltou um forte chute e acertou o travessão.
O susto acordou a Ponte Preta, que se armou outra vez para explorar o contra-ataque, mas viu os atacantes errarem o posicionamento. Depois de três impedimentos seguidos, o time corrigiu e Izaías reclamou muito de pênalti aos 20, após jogada com Mineiro na área.
Quatro minutos depois, foi a vez de o São Paulo protestar. Zé Carlos lançou Izaías, que foi ao chão na área e o árbitro deu a penalidade máxima. Após muitas reclamações dos são-paulinos, Élson bateu no canto direito, Rogério Ceni saltou, mas não alcançou.
Depois do gol, o São Paulo insistiu nas jogadas pelas laterais e não furou a retranca feita por Estevam Soares. Sem muito entrosamento, o time tricolor cansou de cruzar a bola para a área, mas que não ameaçou o goleiro Lauro