Haja muro para tantas lamentações. Depois de protestar contra a diretoria e os jogadores no domingo, a torcida palmeirense foi em pequeno número ao Parque Antártica para acompanhar o duelo contra o América, e deixou o “jardim suspenso” de cabeça quente, com uma humilhante derrota de virada por 4 a 1, que acabou com uma invencibilidade de dez jogos do Verdão em seus domínios.
Se por um lado Leão merece elogios por ter escalado Cláudio desde o princípio e dado nova mobilidade ao setor palmeirense, por outro irá dormir pela primeira vez com a sensação de não ser unanimidade entre os torcedores. Chamado de burro ao trocar Edmundo por Gioino, Leão também tinha de ouvir os gritos de “au, au, au, Edmundo é Animal” a cada gol perdido pelo centroavante argentino.
O surpreendente resultado adverso manteve o Palmeiras com 26 pontos, a cinco do líder Santos, e afastou bastante a equipe do Parque Antártica da briga pelo título estadual da temporada. No próximo sábado, o Verdão volta a campo para encarar a Portuguesa, as 18h10, no estádio do Pacaembu. Já o América recebe o Rio Branco, domingo, as 16 horas, no Benedito Teixeira, em São José do Rio Preto.
O jogo: Diante de um adversário fraco tecnicamente, o Palmeiras começou a partida dando a impressão de que chegaria à goleada com facilidade. Logo aos dois minutos, Cláudio, a principal surpresa de Leão, entrou livre na área, mas bateu fraco, nas mãos do goleiro André Zuba. Emprestado pelo Verdão para a equipe americana, Zuba apareceu bem em mais dois momentos, primeiro em cabeçada de Juninho e depois salvando um gol certo de Marcinho Guerreiro, também de cabeça, em cruzamento de Edmundo.
O goleirão americano só não conseguiu segurar a bomba de Cláudio aos 18 minutos. Edmundo serviu Paulo Baier que tocou para o jovem camisa nove. Com força e habilidade, ele passou por três defensores do América antes de soltar o pé e marcar seu primeiro gol pelos profissionais do Verdão.
Em vantagem no placar, o Verdão se acomodou e deixou o América crescer no jogo. O empate poderia ter saído aos 30, mas Mário André, com o gol vazio, mandou a bola na estratosfera, perdendo grande oportunidade. Danilinho também chegou muito perto do gol logo em seguida, ao ficar frente a frente com Sérgio, mas chutar em cima do goleiro.
O gol de empate estava maduro e saiu antes do intervalo. Marlon recebeu lançamento na esquerda, ganhou de Daniel na jogada de ombro e bateu forte, na saída de Sérgio: 1 a 1 no placar e muitas vaias da torcida alviverde.
Deu zebra: Deu tudo errado para o Palmeiras na etapa final. Depois de sofrer muito com os erros de passe, Leão mexeu no time, trocando Juninho por Ricardinho, na tentativa de melhorar o ritmo do meio-campo palmeirense. Quatro minutos depois, quem perdeu a paciência foi a torcida, que pela primeira vez entoou o coro de “burro, burro” para o técnico Leão, que sacou Edmundo para a entrada de Gioino. As “sociais” responderam gritando o nome do treinador imediatamente. Depois de queimar sua terceira alteração e promover a volta de Lúcio à lateral esquerda após seis jogos de ausência, o Verdão quase chegou ao segundo gol. Correa cobrou falta da esquerda e Gamarra, de cabeça, parou novamente nas mãos do goleiro André Zuba.
Se a situação já estava feia, piorou ainda mais aos 21. A defesa palmeirense parou pedindo impedimento de Danilinho, que entrou livre pela direita e rolou para Reginaldo, que acabara de entrar, virar o jogo para o América: 2 a 1. Na seqüência, Gioino perdeu um gol incrível e despertou a ira da torcida, que gritou a plenos pulmões: “au, au, au, Edmundo é Animal”. A torcida ainda gritava por Edmundo quando Reginaldo recebeu livre na frente, retribuiu o presente e serviu Danilinho. Sozinho, o ex-santista fez 3 a 1.
Quando ninguém mais acreditava, em uma repetição dos dois últimos gols, Danilinho, sempre ele, invadiu a área pela esquerda e tocou para Du. Com calma, o camisa sete fez 4 a 1, foi aplaudido pela torcida rival e sacramentou a vitória americana, para alegria do Santos, que agora está um pouco mais perto de quebrar um jejum de 22 anos sem títulos estaduais. À torcida palmeirense, restou deixar o estádio com dois coros distintos. Para Leão, gritos de “burro, burro”, e para Edmundo, o maior ídolo Alviverde, o apoio: “Au, au, au, Edmundo é Animal”.