Uma rápida análise dos jogos do Goiás revela o motivo da decadência da equipe neste segundo turno de Campeonato Brasileiro: a constante dependência de Paulo Baier. O ex-ala, agora atuando no meio-campo, cravou o seu espaço e assim como vinha acontecendo em outras partidas, foi o nome do time esmeraldino no primeiro tempo. No segundo, o cansaço pesou e os mandantes conseguiram o impossível, empataram em 1 a 1 com o lanterna América-RN na noite deste sábado, no Serra Dourada, pela 27ª rodada da competição nacional.
Todas as principais jogadas do Goiás passaram obrigatoriamente pelas pernas de Paulo Baier, incluindo o gol, o seu nono na competição. Certamente um dos pontos a serem trabalhados pelo novo técnico do Verdão do Planalto, Márcio Araújo, que manteve o pífio aproveitamento de apenas uma vitória nas últimas oito partidas e viu a fúria da torcida de perto: até invasão de campo aconteceu para protestar. A vitória ainda deixa a esperança de se classificar para a Libertadores no ar, afinal os goianos somam 34 pontos e estão na 11ª posição, seis atrás do Santos, atual quarto lugar e último integrante do G-4. Com 12, o América apenas cumpre tabela para acabar a temporada. Sem chances para nada, o Mecão pode confirmar de vez seu rebaixamento daqui a duas rodadas se mantiver a incrível seqüência de derrotas.
Apesar de ser mandante e enfrentar a mais frágil equipe do campeonato Brasileiro desde que os pontos corridos foram instituídos, o Goiás mostrou que o futuro é nebuloso à sua torcida. Fraca, a equipe não conseguia criar nada diante do Mecão, que como sempre atuava em ritmo de jogo-treino no Serra Dourada.
A diferença era justamente quando Paulo Baier pegava na bola. Foi dele, aos sete, a cobrança de escanteio com efeito que obrigou Sérvulo a se esticar para defender. Também saiu do agora armador o cruzamento que pegou o zagueiro Adalberto de surpresa e quase marcou contra suas próprias metas.
Baier voltou a levar perigo aos 27, com uma cobrança de falta que tirou tinta do travessão, mas antes os seus companheiros souberam dividir os holofotes. Aos 18, Maurinho experimentou um sem-pulo de longe e Sérvulo espalmou. Aos 31, foi a vez de Fábio Bahia finalizar com um forte chute e obrigar outra boa aparição do goleiro potiguar.
Entretanto foram lances casuais e, aos 36, o Goiás achou o seu gol. Adivinhem quem foi o autor? Sim, ele mesmo, Paulo Baier, que aproveitou cruzamento colocado de Maurinho a tocou estranho, de sola, para abrir o marcador do Serra Dourada.
Com uma coisa, porém, o torcedor esmeraldino já podia esperar: o cansaço. Baier teve tempo de cobrar uma falta com perigo, aos nove, e ver o zagueiro Adalberto tirar a bola em cima da linha, mas foi só. Desgastado, o armador começou a sentir e, como conseqüência, o nível caiu.
Aos 17, o Goiás tentou encontrar outros caminhos para o ataque. Vítor arrancou em velocidade e cruzou, o goleiro americano se atrapalhou no lance e quase soltou a bola nos pés de Rinaldo. Pensando em ter o jogo nas mãos, o Goiás recuou e não contava com o pior.
Após muito martelar – inutilmente -, o América surpreendeu e consegui um verdadeiro feito para sua curta história na elite do Brasileirão 2007. Berg recebeu passe dentro da área e acabou derrubado por Leonardo. Pênalti marcado e convertido por Leandro Sena, para desespero do torcedor esmeraldino, que não poupou os jogadores, gritou ‘timinho’, arremessou objetos em direção ao estreante técnico e até invadiu o campo para protestar, em um claro sinal de desespero.
Na próxima rodada, o Goiás tenta finalmente se recuperar diante do Botafogo, no Rio de Janeiro. O América-RN recebe o Palmeiras, no Machadão. Ambas as partidas acontecem nop domingo.