Acabou um jejum de quase seis meses sem vitórias do Corinthians no Pacaembu. Na noite deste sábado, a equipe comandada por Mano Menezes deu sequência à sua reação no Campeonato Paulista ao derrotar o Rio Claro por 3 a 2 no estádio municipal, com gols do atacante Romarinho (2) e do zagueiro Cleber. O meia Léo Costa e o lateral direito Carlinhos descontaram para os visitantes.
O último resultado positivo do Corinthians no Pacaembu havia sido em 1º de setembro de 2013, data do aniversário de 103 anos do agremiação do Parque São Jorge. Naquela goleada por 4 a 0 sobre o Flamengo, pelo Campeonato Brasileiro, Guerrero ainda não desperdiçava gols como neste final de semana e o hoje são-paulino Alexandre Pato aparecia como destaque.
No caminho certo para reviver os seus melhores dias, o Corinthians passou a contabilizar 14 pontos no Estadual e deixou a lanterna do grupo B para o XV de Piracicaba, com 11. Na noite de quarta-feira, receberá o Comercial com o objetivo de ficar mais próximo da parte de cima da tabela. Já o Rio Claro, com 15 pontos na chave D (liderada pelo Palmeiras, com 23), só voltará a campo no sábado de Carnaval, contra o Paulista, em casa.
O jogo – O Corinthians não estava vestido como mandante no jogo em que tentava quebrar o seu longo jejum sem vencer no Pacaembu. Quando o Rio Claro subiu no gramado com camisas brancas, alguns torcedores sentados nas numeradas (com pouco público, bem como os outros setores do estádio) chegaram a se confundir. “Vai, Corinthians!”, gritou um deles. Na verdade, o time da casa apareceria em campo alguns minutos mais tarde, com o seu uniforme reserva, todo de preto.
Assim que a bola rolou, no entanto, o Corinthians fez questão de mostrar ao Rio Claro que não era um estranho no local onde não ganhava desde o seu último aniversário. Autores dos gols da equipe diante do Oeste, Jadson e Romarinho foram os primeiros a levantar a torcida presente no Pacaembu. O meia com uma sequência de cobranças de falta e escanteio, e o atacante com um belo drible na linha de fundo esquerda.
Apesar do bom volume de jogo, o Corinthians demorou a criar chances mais claras de gol, o que impacientou alguns torcedores. Mais ainda porque o centroavante Paolo Guerrero finalizou em cima do goleiro Cleber na primeira oportunidade que teve. “Pelo amor de Deus, Guerrero!”, reclamou um corintiano posicionado na área VIP, que passou a perseguir o peruano nos minutos seguintes.
Mano Menezes tinha outro alvo para protestar. Depois que Jadson forçou duas enfiadas de bola para Guerrero, aparentemente inalcançáveis mesmo se o peruano fosse o mesmo do Mundial de Clubes de 2012, o técnico sacudiu os braços no ar, pulou e berrou à beira do banco de reservas. O camisa 10 reconheceu o erro levantou a mão para pedir desculpas.
Logo em seguida, aos 23 minutos, Jadson se redimiu. A assistência para Guerrero, desta vez, saiu impecável. O problema é que o peruano, livre de marcação, voltou a concluir no corpo do goleiro Cleber e deu mais um argumento para o seu crítico da área VIP se revoltar. “Não dá mais, Guerrero!”, berrou o sujeito. O próprio jogador parecia esganado de irritação, levando as mãos ao pescoço e à cabeça.
Sem muito ímpeto, o Rio Claro tentou tirar proveito do nervosismo corintiano na busca pelo desempate. O primeiro caminho encontrado pelo time do interior paulista foi pelo lado direito, onde Uendel deixava a marcação fragilidade. Como era preciso um pouco mais de técnica para avançar com a bola nos pés, contudo, os visitantes começaram a apostar nos chutes de longa distância. Assustaram em uma cobrança de falta de Rafael Costa, aos 26 minutos, que alguns torcedores pensaram ter resultado em gol ao ver a bola tocar o lado de fora da rede.
Mesmo com o Rio Claro finalmente além da linha do meio-campo, era ainda o Corinthians o time mais próximo de abrir o placar. Aos 34 minutos, por exemplo, Uendel ficou com uma sobra de bola fora da área e bateu rasteiro. O goleiro Cleber se esticou para empurrar a bola para escanteio. Guerrero lamentou como se ele próprio tivesse desperdiçado mais uma chance.
Aos 40 minutos, o gol do Corinthians finalmente saiu. Após uma bela troca de passes, Guerrero ajeitou a bola de cabeça para Jadson, que deu um toque para deixar Romarinho sozinho dentro da área. O atacante teve tranquilidade para chutar cruzado, acertar o canto e prolongar o seu bom momento pessoal no Campeonato Paulista.
Houve tempo para o Corinthians ampliar antes do intervalo. Aos 44, o zagueiro Cleber subiu com categoria em nova cobrança de escanteio de Jadson e cabeceou para dentro, firmando-se na vaga aberta pelo contestado Felipe. Com 2 a 0 no marcador, só havia um corintiano em campo que ainda se mostrava abatido. Guerrero caminhou cabisbaixo para o vestiário quando o primeiro tempo acabou – só abriu um sorriso ao ser consolado por Mano, que correu em sua direção.
Para a etapa complementar, apesar de Mano ter incentivado não apenas o seu centroavante, o Corinthians retornou mais acomodado. O Rio Claro tentou pressionar, porém novamente sem contundência. O técnico Fahel Júnior chegou a apostar em dois ex-palmeirenses para mudar o panorama da partida. Colocou Alex Afonso e Patrik (ainda vinculado ao grande rival corintiano) nos lugares de André Luiz e Robson.
Embora o Corinthians tenha seguido mais efetivo – e perdido outros gols com Guerrero (e Jadson) –, o Rio Claro alcançou o seu objetivo aos 25 minutos. Conseguiu descontar. Léo Costa apareceu de surpresa dentro da área corintiana para completar um cruzamento da esquerda e fazer a alegria da pequena e barulhenta torcida da equipe do interior.
Para acordar o Corinthians, Mano recorreu à entrada do veterano Danilo na vaga de Bruno Henrique. Deu resultado. Pelo lado esquerdo do campo, onde estava o meia, Uendel avançou com liberdade e fez um cruzamento preciso para Guerrero. O peruano se atrapalhou e voltou a errar, agora em cima da linha. Permaneceu caído durante algum tempo, frustrado. Mas já não havia quem o criticasse. “Guerrero! Guerrero! Guerrero!”, apoiou a maioria dos torcedores.
A manifestação foi premiada com mais um gol. De Romarinho. Em fase oposta ao do seu companheiro de ataque, ele encheu o pé quando o goleiro Cleber soltou a bola na pequena área, aos 35. Mas Carlinhos fez o mesmo quando apareceu livre do lado direito da área do Corinthians, em uma sobra, cinco minutos depois, e fechou o placar em 3 a 2.