Estudantes do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) fizeram nesta sexta-feira um termo de declaração no Ministério Público Federal, em Mato Grosso (MPF-MT), em que denunciam a possível ilegalidade cometida pela atual reitora da UFMT, Maria Lúcia Cavalli Neder, de unificar o vestibular. Eles são contrários à decisão da instituição de adotar o novo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), proposto pelo Ministério da Educação (MEC), como forma de ingresso nos cursos de graduação.
Segundo denúncia, a reitoria teria feito consulta verbal via telefone a 23 conselheiros – de um total de 46 – e que os três estudantes ligados ao Conselho Superior de Ensino Pesquisa e Extensão (Consepe) também não foram consultados assim como professores e técnicos-administrativos. O documento é assinado pelos estudantes Sandoval Vieira Silva Junior, Jaqueline Monte Stevanato, Adriano Knippelberg de Moraes e Thiago Barbosa Frazão Morais.
“Não esperávamos por um golpe como esse. Fomos ao Ministério Público Federal para saber se existe legalidade no ato da reitora. Caso não tenha, iremos entrar com uma liminar. Ela não dialogou com a comunidade acadêmica sobre o vestibular unificado. Além disso, sempre se mostrou favorável à unificação. Nós (DCE-UFMT) é que fomos às escolas públicas e particulares falar sobre o vestibular unificado”, afirmou o coordenador do DCE-MT e representante do Consepe, Sandoval Vieira Silva Junior.
Sandoval ressalta que os órgãos representativos dos professores e dos técnicos – Associação dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso (Adufmat) e do Sindicato dos Trabalhadores da UFMT (Sintuf) – irão abrir discussão sobre a decisão tomada pela reitora. Na segunda-feira, será realizada uma assembléia geral dos professores universitários na Adufmat para discutir quais medidas políticas e jurídicas serão tomadas.
O professor de matemática e representante do Instituto de Ciências Exatas e da Terra no Consepe, Martinho da Costa Araújo, considerou a medida da reitora arbitrária. “Considero uma medida arbitrária e precipitada. Como representante do meu instituto, iria levar para as duas reuniões (que não aconteceram) a posição sobre esperar o ano passar com o tradicional vestibular e aderir ao novo processo apenas em 2010. Somente após discussões com a comunidade escolar, principalmente com os professores e alunos do ensino médio que já estão no meio do ano se preparando para um modelo já conhecido”, destaca Araújo.
Para a professora de Sociologia da UFMT, Sirlei Silveira, o ato da reitora foi autoritário e mostra a dificuldade da administração superior em ouvir a comunidade escolar. “A adesão às recomendações do MEC como foi feito, significa abrir mão da autonomia da UFMT. Nós possuímos especificidades que são típicas da nossa região e isso deve ser levado em conta. Todos concordamos que o vestibular precisa ser revisto, mas não da forma como está sendo conduzido. Por que não se debate as grande evasão que existe dentro das universidades? Por que esses alunos não estão conseguindo concluir o curso?”, questiona ela.
A assessoria de imprensa da UFMT informou que a instituição somente vai se pronunciar sobre o termo de declaração no MPF-MT depois de receber o documento. A decisão da reitora, tomada ad referendum, contou com o apoio da maioria dos conselheiros, considerando o impedimento de realizar as sessões nos dia 11 e ontem, 14 de maio.
Ela fez o anúncio por meio de uma coletiva à imprensa, onde participaram representantes dos DCEs dos campi de Sinop, Rondonópolis e Barra do Garças, e dirigentes da UNE e da UBES.
A assessoria também explicou que a decisão de realizar a coletiva ontem na Ordem dos Advogados do Brasil foi em reconhecimento à luta da OAB pelo Estado de Direito, uma vez que o prédio da reitoria foi ocupado por estudantes contrários ao novo modelo de ingresso. Eles impediram o acesso dos conselheiros à sessão marcada para ontem às 13h30 da tarde.