Os professores da Universidade Federal de Mato Grosso decidiram, em assembleia, esta tarde, no auditório da Associação dos Docentes (Adufmat) por 288 votos contrários, 47 favoráveis e 9 abstenções não deflagrar greve. O estado de greve também não foi aprovado por 165 votos contrários contra 141 favoráveis. O indicativo também foi suspenso por 181 contra 100, e 19 professores preferiram se abster. Foram considerados os votos dos campi de Sinop, Cuiabá, Várzea Grande e Araguaia.
Entretanto, ontem, o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe) suspendeu o calendário acadêmico com data retroativa a 20 de abril em apoio aos acadêmicos. Segundo a assessoria da Adufmat “os docentes entendem que a proposta de alteração de preços do Restaurante Universitário (UR) é reflexo das políticas implementadas pelo governo federal (cortes de recursos que se acentuaram em 2014 e reduziram o orçamento a cerca de 1/3 do que era há quatro anos) e também pela universidade, que ao longo desses anos tem atendido a todas as orientações dos governos terceirizando os serviços, implementando políticas sem a estrutura adequada, entre outros”.
Ainda segundo a assessoria mais de 60% dos gastos da universidade são com empresas terceirizadas – alimentação, limpeza, segurança. Estudantes e professores apontam como alternativa a revisão dos contratos e maior autonomia da instituição, estatizando o restaurante e contratando servidores por outro modelo, que não o terceirizado.
Os estudantes da universidade buscam chegar a um acordo quanto ao reajuste no valor que atualmente é cobrado R$ 0,25 pelo café da manhã, R$ 1 pelo almoço ou janta. A proposta da universidade é que passe a custar R$ 2,35 café e R$ 9,48 almoço ou janta.
Em Sinop, em abril houve protesto com faixas e cartazes na entrada da UFMT. De acordo com um acadêmico do curso de medicina veterinária para que o aumento não fosse feito de uma vez só.
Em fevereiro, a instituição anunciou “ampliação do acesso gratuito” aos que comprovassem renda de até 1,5 salário mínimo e “acesso subsidiado para estudantes com outros fatores de vulnerabilidade socioeconômica, no limite do orçamento do Programa Nacional de Assistência Estudantil (Pnaes)”. Para os demais, o valor das refeições seria pago sem subsídio nos valores citados anteriormente.
Na última semana, universitários chegaram a ocupar o campus em Cuiabá, no entanto, a Justiça Federal expediu um mandado de reintegração de posse das instalações. Em nota a universidade expôs “preocupação com a decisão, por entender que o melhor caminho, no atual contexto, é o diálogo e a ação conjunta dos diferentes segmentos que compõem a comunidade universitária e a sociedade. Em um momento de mobilização, em que surgem posicionamentos políticos divergentes, é necessário intensificar a luta em defesa da educação pública de qualidade e acessível a todos. Nesse sentido, várias iniciativas vêm sendo adotadas, tanto no contexto administrativo interno da UFMT, quanto por meio de ações políticas desenvolvidas em conjunto por entidades representativas das universidades junto ao Governo Estadual, Federal e ao Congresso Nacional, buscando viabilizar recursos para suprir suas necessidades de custeio e investimentos, de forma a não comprometer o cumprimento do seu papel junto à sociedade”.