“Nós saímos da audiência numa situação pior do que entramos. O governo não aceitou nossa proposta e disse que mesmo se as perdas salariais fossem comprovadas, não daria o reajuste agora, pois não tem condições orçamentárias para isso”. Essa foi a avaliação da presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep) de Sinop, Cleufa Hübner, sobre a audiência realizada ontem entre o Governo do Estado e dirigentes do sindicato.
Durante cerca de duas horas, a questão salarial dos professores estaduais mato-grossenses foi discutida. Cleufa informou que o governo declarou uma possibilidade de pagar a data base de 1º de outubro, “mas como seu vencimento é somente no mês de maio, o pagamento só será feito no ano que vem”.
Na reunião, o Estado chegou a reconhecer perdas salariais de 12,48%, conforme levantamento da Secretaria Estadual de Educação e Cultura (Seduc), mas justificou a não reposição com a queda na arrecadação.
Agora, o Sintep fará uma reunião da diretoria no dia 2 e Conselho de Representantes, nos próximos dias 3 e 4, em Cuiabá, para decidir os encaminhamentos da categoria. Desta vez não será realizada assembléia geral dos professores e durante o conselho existe uma grande possibilidade dos profissionais do ensino de Mato Grosso deflagrarem greve já a partir do início do ano letivo de 2006.
“Nós faríamos a assembléia se o reajuste nos fosse concedido, como não foi não há porque a realizarmos. Agora o que temos já bem definido, é que no ano que vem, poderemos não iniciar com aulas, mas sim com greve. E é importante ressaltar, assim como o Julio disse ontem, que a greve não é uma ameaça da nossa parte, mas um recurso que temos para reivindicar e garantir nossos direitos”, acrescentou, Cleufa.
A cartilha apresentada pelo Sintep comprovou a viabilidade de recomposição das perdas salariais ocorridas de outubro de 1998 a 2005, desde a implantação da Lei Orgânica dos Profissionais da Educação Básica (Lopeb). Ela é baseada no relatório de análise da arrecadação do primeiro quadrimestre de 2005. Para isso, haveria investimentos na folha de R$ 41 milhões por ano já que a reposição cobrada pelos professores é de 16,36%.