Alunos e professores enfrentam espaços físicos insalubres e inadequados, sem as mínimas condições estruturais de uso nas escolas municipais de Poconé (região Sul). Entre os inúmeros problemas identificados estão salas de aula que não dispõem, sequer, de ventiladores e apresentam vidros, portas, janelas, mesas e cadeiras quebradas. A situação levou o Ministério Público Estadual, por meio da Promotoria de Justiça de Poconé, a ingressar com ação civil pública com pedido de tutela antecipada, contra o município, para que as unidades escolares sejam reformadas.
Além do calor, os mais de mil alunos matriculados na rede pública municipal se deparam com banheiros em péssimas condições, paredes das salas de aula rachadas, e permanecem em situação de risco expostos à fiação elétrica localizada a poucos centímetros das cabeças dos alunos. Na zona rural, há unidades que possuem a área externa cercada por mato e entulhos, salas de aula sem pinturas e com telhados caindo ou, quando existentes, em péssimas condições de higiene.
Conforme o procedimento instaurado pela promotora de Justiça Daniele Crema da Rocha, as investigações foram iniciadas após denúncia encaminhada pelo Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Poconé ao Ministério Público Estadual. Antes de recorrerem ao MPE, os professores já haviam solicitado junto ao município a reforma das unidades escolares, de forma que garantissem um ensino de qualidade aos alunos, contudo, o pedido não foi acatado pelo Poder Executivo.
Na tentativa de resolver a situação extrajudicialmente, tendo em vista que as aulas retomam este mês, a promotora realizou reuniões com os gestores municipais. Na primeira delas, a prefeita juntamente com os secretários de educação e administração, assumiu o compromisso de vistoriar todas as escolas com a presença de um engenheiro, com o objetivo de apurar as necessidades específicas de cada uma delas, a fim de proceder às reformas necessárias.
Contudo, no segundo encontro agendado para que, na oportunidade, o município informasse as providências tomadas, compareceu apenas uma diretora da secretaria municipal de educação, que não soube informar dados concretos sobre as vistorias realizadas, bem como sobre as medidas realizadas para melhoria na estrutura das unidades escolares.
A omissão no trato com as crianças e adolescentes, por mantê-las em locais inadequados para promover o ensino obrigatório, levou o Ministério Público a caracterizar a atividade desempenhada pelas gestoras públicas municipais como irresponsável. “Ao invés de valer-se do período de recesso das aulas para realização das reformas necessárias, a administração pública nada fez, permitindo que as aulas de 2014 tenham seu início nas mesmas condições precárias já vivenciadas por alunos e professores no ano que se findou”, traz trecho da ação.
Na ação protocolada, a promotora requer o emprego dos valores previstos na Lei Orçamentária Anual (LOA 2014), com o objetivo de assegurar, com destinação privilegiada de recursos públicos, a execução das reformas nas escolas públicas municipais.