A preocupação com o bem-estar e com o aprendizado qualitativo dos estudantes com deficiência atendidos em Cuiabá e Várzea Grande pela rede estadual de ensino fez com que a Secretaria de Estado de Educação (Seduc) revisse as rotas feitas pelos ônibus do transporte escolar. As medidas resultaram no aumento médio de permanência do aluno em sala de aula de duas horas diárias e economia estimada em R$ 300 mil por ano.
As alterações ocorreram após um estudo realizado pela Seduc-MT que apontou que o os oito ônibus utilizados faziam percursos semelhantes e que os alunos passam muito tempo em deslocamento dentro do veículo até chegar à escola ou à sua casa – em média quatro horas por dia. “Considerando as regiões, redefinimos as rotas e o tempo máximo de viagem, que serviu de base para a montagem dos quadros de horários da operação dos carros. Como isso, reduzimos em até duas horas o tempo de permanência do aluno no ônibus e diminuímos os quilômetros rodados diários de 1.600 para 960, além de remanejar motoristas. Uma economia equivalente a 11 mil km por mês”, enfatiza o gestor de Transportes, Geraldo Pansini.
De acordo com a estimativa do setor, as alterações vão gerar uma economia mensal de aproximadamente R$ 30 mil, alcançando mais R$ 300 mil ao ano. “Nossa expectativa é de reduzir ainda mais o custo, o que será possível por meio de remanejamento de alunos e readequação e mapeamento de novas rotas para uma gestão eficiente”.
Ele relata que cerca de 250 alunos, de quatro unidades escolares de educação especial dos dois municípios, utilizam diariamente o transporte escolar oferecido pela Seduc-MT. “Esse serviço é fundamental para facilitar o acesso e a permanência deles na rede estadual de educação”, cita o gestor, ressaltando que todas as ações que visam a melhoria das condições do serviço ofertado são relevantes.
O secretário de Educação, Esporte e Lazer, Marco Marrafon, explica que essa é uma das ações que fazem parte de um pacote de reformulação da Gerência de Transporte. “Esse foi apenas o primeiro passo que demos para melhorar o transporte escolar no Estado. A redução da permanência do aluno dentro do ônibus é fundamental para o desempenho em sala de aula. Além disso, teremos uma economia significativa no decorrer de um ano. Isso demonstra que pequenas ações fazem toda a diferença e pode sim mudar a vida das pessoas”.
As mudanças agradaram não só os estudantes que dependem do serviço, mas também os pais e professores, que já sentem os reflexos positivos. A diretora da Escola Estadual de Ensino Especial Raio de Sol, Heloína Okasaki Rodigheri, elogiou os reajustes realizados pela Seduc. “Para os estudantes com deficiência o tempo em sala de aula é essencial para que desenvolvam a linguagem, o pensamento conceitual e a autonomia, fator que os ajudará em suas dificuldades físicas e cognitivas”.
Heloína menciona ainda que a frequência escolar desses alunos também aumentou. “Eles não estão mais faltando às aulas e estamos com as salas completas.
A dona de casa Rita Antônia da Silva, mãe do estudante Wisner Hugo, de 22 anos, que teve paralisia cerebral e frequenta a EE Raio de Sol desde os 2 anos, aprovou as medidas e diz que fica aliviada por saber que seu filho conta com mais conforto no trajeto e mais tempo de aprendizado.
O diretor da escola estadual Luz do Saber, Rogério Lima Barbosa, cita que a unidade escolar conta com 70 alunos matriculados e 90% deles dependem do transporte escolar. “Houve uma mudança significativa. Tinha aluno que saia de casa às 8h e chegava às 10h30, já cansado. Hoje, ele tem mais tempo para o processo de aprendizagem, socialização, atividade física e descanso após o almoço, sem pressa”.