Mais de 6 milhões de cabeças de gado criadas em fazendas na região Norte de Mato Grosso poderão ser vendidas para países europeus. É a primeira vez que o gado da região é habilitado para ser vendido na Europa, resultado de aproximadamente 8 anos de muita insistência e pressão do setor pecuário e de lideranças políticas. Na prática, o preço do gado do Nortão vai aumentar, bem como a produção pecuária, além dos frigoríficos ampliarem abates, gerarem mais empregos e a região também atrair mais investimentos.
Foi um trabalho árduo convencer o Mercado Comum Europeu que o gado criado em mais de 30 cidades do Nortão está dentro dos padrões de qualidade internacional, livre da aftosa e outras doenças. Foram várias missões de técnicos que vistoriaram fazendas em Mato Grosso nos últimos anos e, finalmente, esta semana, deram sinal verde para comprar o gado de todo o Estado.
A Europa representa um mercado “classe a” para os frigoríficos do Nortão que hoje exportam para a Ásia, África e Oriente Médio. “A Europa é mercado que melhor paga pela carne brasileira. Para alguns cortes o preço chega a ser 100% superior”, explicou, ao Só Notícias, o diretor-geral do grupo Frialto, Paulo Bellincanta, que tem forte atuação na exportação para mais de 20 países.
Mas Bellincanta diz que o preço da carne não vai melhorar da noite para o dia. “Primeiro, é preciso que as fazendas implantem o sistema de rastreamento para que seus rebanhos estejam dentro dos padrões internacionais. Os fazendeiros não terão que investir milhões para se adequarem. Ao contrário. Será implantar um sistema de informática, qualificar seus funcionários para que monitorem o dia-a-dia do rebanho registrando em livros a vacinação, alimentação, medicamentos e demais procedimentos da atividade pecuária. Basicamente é isso”, resumiu Bellincanta. “É um serviço simples que qualquer pecuarista poderá fazer. É investir em qualificação profissional dos funcionários das fazendas para fazer o controle de seu rebanho”, emendou.
Bellincanta projeta que a arroba do gado deve passar de R$80 para R$ 100 a partir do momento em que os fazendeiros atenderem as exigências internacionais. O presidente da ACRINORTE- Associação dos Criadores do Norte de Mato Grosso-, Fernando Porcel, concorda que o preço deve aumentar a médio prazo. Ele avalia que o credenciamento do Nortão pelos europeus é um avanço considerável. “A carne sairá da região pronta para exportação, com valor agregado”, declarou. “Mais é preciso conscientização dos pecuaristas para investir em rastreabilidade, atender a risca a rastreabilidade internacional, seguir normais ambientais para atender todas as exigências”, alertou.
O prefeito de Sinop, Nilson Leitão, avaliou que o credenciamento pelos europeus abrirá novas portas para indústrias investirem no município. “Somente agora será possível atrair empresas como o figorífico Friboi e o frigorífico Bertin. Por outro lado, os Bellincanta, proprietários do Frialto, e demais frigoríficos poderão investir ainda mais em seus frigoríficos, aumentar geração de empregos e renda”, concluiu.
Ele lembra a insistência e incansável luta para que Sinop fosse habilitada para exportar carne na Europa faz alusão ao grande movimento ocorrido em Sinop, ano passado, com lideranças do setor pecuário e políticas que passaram a intensificar a cobrança para credenciar os municípios do Nortão.
(Atualizada às 09:44h)
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