O reaproveitamento de resíduos pelas madeireiras do Nortão deve ganhar força com a instalação de novas indústrias do segmento na região. Além de ambientalmente correta, a reutilização do que hoje é considerado lixo por muitas empresas, pode agregar valor e aumentar os lucros da empresa. O empresário Yuri Jung, da empresa Planalto Picadores, que atua em Sinop há três anos com venda de máquinas e compra de resíduos, disse que a maior dificuldade encontrada na região era a comercialização da produção, já que as empresas compradoras se concentravam somente na região Sul do Estado. “Com a chegada de empreas mais perto de Sinop existe a viabilidade do madeireiro colocar esse resíduo no mercado”, destacou, em entrevista na central de jornalismo de Só Notícias.
Até julho está previsto o início do funcionamento de uma unidade em Lucas do Rio Verde. Também está sendo estudada a instalação de uma termoelétrica em Sinop. O projeto prevê o reaproveitamento de 20 mil toneladas de resíduos por mês, utilizados na produção de energia.
Jung explica que as madeireiras podem adquirir suas próprias máquinas, que podem custar, em média R$ 100 mil, variando conforme o porte da empresa, e fabricar os cavacos para colocar no mercado. Hoje, muitos preferem vender somente o resíduo. “Ele pode até vender o resíduo direto, mas ele também pode agregar valor e vender o cavaco que vai ganhar mais”, acrescenta, citando exemplos de empresas que revertem os valores obtidos com o reaproveitamento no pagamento da folha salarial.
Os cavacos são utilizados como combustível para a caldeira, na geração de vapor para a produção. “Existe a necessidade do vapor para extração de óleo de soja, muitos frigoríficos, que estão chegando na região, também utilizam na produção, podendo fazer co-geração de energia, ao invés de utilizar petróleo e energia”, explica. Esse sistema pode reduzir em até 50% os custos das empresas com a produção. A tonelada de cavaco é vendida por cerca de R$ 15.
Uma das dificuldades encontradas por muitos madeireiros, segundo o empresário, é em garantir o produto no mercado. “O consumidor precisa ter a confiança da entrega desse produto sempre”, salientou. O setor madeireiro é responsável por grande parte da geração de receitas e emprego na região.
Nos últimos anos enfrentou processos de readaptação e hoje buscas novas alternativas para se manter no mercado, e o reaproveitamento de resíduos é uma delas.