Mato Grosso é a alternativa brasileira para a crise mundial de alimentos, gerada pela suspensão das exportações de arroz pelos principais comerciantes do produto. Esta é a avaliação do Sindicato das Indústrias de Arroz de Mato Grosso (Sindarroz). O Estado pode triplicar a produção do grão, que hoje gira em torno de 600 mil toneladas, por meio de técnicas de recuperação de pastagens, desenvolvidas em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) – arroz tropical.
“A situação de Mato Grosso é privilegiada. Podemos triplicar a produção sem derrubar uma árvore sequer. O que precisamos agora é que o governo federal direcione sua política agrícola para os Estados centrais, além de regular os preços pagos pelo produto, de acordo com o mercado internacional, gerando maior segurança entre os produtores.”, avalia o presidente Joel Gonçalves Filhos
Em relação às medidas anunciadas pelo ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, sobre a suspensão das exportações nacionais e comercialização das reservas, o presidente do Sindicato Intermunicipal das Indústrias da Alimentação no Estado de Mato Grosso (Siamt-MT), Marco Antônio Lorga, foi enfático. “Precisamos de medidas de incentivo à produção, e não de restrição ao comércio”, afirma. Segundo Lorga, o governo federal está queimando ‘gordura’ para promover a estabilidade do mercado. “É provável que os estoques estejam zerados em outubro, quando a situação deve se complicar, agravando a crise do grão no país” afirma.
Para o presidente do Sindarroz, os investimentos em Mato Grosso devem ser o diferencial para a retomada das reservas e para uma passagem ‘sem sofrimento’ pelo período de crise mundial. “O Estado também será beneficiado com as medidas recentes do governo federal. A contribuição que Mato Grosso deve oferecer poderá ser sentida a partir da próxima safra, em janeiro de 2009”, explica.
“Mato Grosso está preparado em todos os sentidos para a crise. Contamos com área de plantio, moderno parque industrial, tecnologias de pesquisa avançada e mercado pronto para receber o produto”, afirma o presidente do Siamt. Segundo ele, o Estado tem condições de seguir o exemplo dos vizinhos Uruguai e Argentina, que aproveitaram a parcela de mercado deixada pelos tigres asiáticos para inserir sua produção de arroz.
Pouco exigente em insumos e tolerante à solos ácidos, trata-se de uma semente mais resistente e que não necessita de irrigação, tornando-se mais adaptável em regiões de condições climáticas variadas. “A valorização do arroz no mercado tornou o plantio uma opção rentável aos produtores de diversas culturas”, avalia o presidente do Sindarroz.