Caiu a variação inflacionária no setor da Construção, em Mato Grosso. O Custo Unitário Básico (CUB) registrado em junho ficou em 0,44%, bem abaixo da variação de maio, que apontou 0,87%. “Em seis meses do ano, o índice de junho supera apenas a variação de fevereiro”, explica a engenheira civil do Sindicato das Indústrias da Construção (Sinduscon), Sheila Mesquita. A baixa em junho também é muito inferior à marca do mesmo período de 2004, quando o CUB ficou em 1,10%.
O CUB é formado por duas variáveis: cesta básica da construção e mão de obra. Sheila realça que a variação pequena do CUB está ligada à estagnação dos valores da mão de obra. “Se considerarmos isoladamente apenas a cesta básica da construção, verificamos que há motivo de preocupação”, aponta. A cesta básica variou 0,66% em junho, principalmente por causa do aço, que teve alta de 4,51%. “O aço, no Brasil, é um produto cartelizado. As poucas indústrias ditam os preços, mais preocupadas com o mercado externo”, critica o presidente do Sinduscon, Adilson Valera Ruiz.
O metro quadrado em junho foi calculado em R$ 804,46, considerando um prédio de oito andares, com apartamentos de dois quartos. Sheila lembra que o CUB, por ser um índice básico, não considera diversos aspectos diferenciais em uma construção, como instalação de elevadores, ar condicionado e urbanismo. “Quem quiser usar o CUB como índice de reajuste deve, antes, se informar no Sinduscon”, aconselha.
Casa popular – A pesquisa do Sinduscon também faz o cálculo de quanto custa o metro quadrado de uma casa popular. Pelo quinto mês consecutivo, houve deflação. O metro quadrado está em R$ 438,99. O motivo da queda em seu valor é que os insumos que normalmente estão empurrando a inflação para cima não são utilizados em uma casa popular. Neste mês, com exceção do aço, os produtos que tiveram alta são relacionados à fase de acabamento em uma obra e não são contabilizados em uma moradia de baixo custo.
Galpão industrial – Ainda sobre o aço, a alta de 4,51% teve reflexo no valor do metro quadrado do galpão industrial, também aferido pelo Sinduscon. Pelas características do galpão, utiliza-se muito aço, o que gerou a inflação de 0,11% em maio, encerrando uma seqüência deflacionária de três meses. O metro quadrado do galpão industrial está em R$ 286,46.
Sheila ressalta que há diferentes índices que aferem a inflação no setor da construção. Porém, embora todos sejam confiáveis, possuem metodologias diferenciadas, o que invalida qualquer comparação. Além do CUB, são mais conhecidos os índices pesquisados pela Fundação Getúlio Vargas e pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Alerta – Para os meses de julho e agosto, Sheila faz um alerta: A convenção coletiva dos trabalhadores da Construção foi finalizada em junho e está, neste momento, em fase de homologação. Foi concedido um reajuste de 8%, retroativo a maio. “Tão logo termine a fase de homologação, esse reajuste irá gerar efeitos no CUB, provocando a sua alta”, diz. E complementa: “É um fenômeno sazonal, que – naturalmente – acontece sempre neste período do ano”.