A remuneração média dos trabalhadores formais da construção civil -com carteira assinada- de Mato Grosso cresceu 5,5% entre os anos de 2007 e 2008. A constatação é do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Uma pesquisa da entidade revelou que, mesmo de forma tímida, os rendimentos avançaram de R$ 1.059,2 a outros R$ 1.117,9, respectivamente. O resultado da unidade federada permaneceu abaixo da média nacional.
No país, segundo o Dieese, os salários aumentaram 7,8% na igual época. O diagnóstico, intitulado "Estudo Setorial da Construção Civil", mostrou que o trabalhador deste segmento ganhava, respectivamente, de R$ 1.504,50 e R$ 1.679,30 no fim de 2008. A análise foi formulada com base nos dados da última medição da Relação Anual de Informações (Rais) do Ministério do Trabalho.
Em três Estados brasileiros, a remuneração mostrou-se negativa. Ou seja, entre os anos houve diminuição dos ganhos, sendo o Amapá (-8,2%) detentor do pior índice. Nesta unidade, o trabalhador recebia, em média, R$ 979,3 em 2007, mas, em 2008, viu o valor passar a R$ 898,9. Já no Acre (-2,1%), os rendimentos subtraíram de R$ 816 para R$ 799, consecutivamente. No Rio Grande do Sul (-1,3%), R$ 1.127 a outros R$ 1.112,4, na mesma sequência.
A pesquisa não mensurou, por exemplo, os ganhos obtidos por aqueles trabalhadores que exercem a profissão por conta própria, o que, por sua vez, poderia alterar o quadro. No Brasil, para se ter uma idéia, o setor da construção possuía, em 2008, 6,905 milhões de ocupados, isto é, 7,5% de toda a população ocupada de 92,395 milhões, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), no mês de setembro daquele período.
Ainda segundo essa pesquisa, a maioria dos ocupados do setor, 2.709.138, é
representada pelos empregados por conta própria (39,2%) e pelos sem carteira de trabalho assinada (24,6%). Tal situação mostra que o setor possui um elevado grau de informalidade. Essa realidade é evidenciada quando se observa que, do total de ocupados, apenas 28,5% correspondiam a empregados com carteira de trabalho assinada, descreve o Dieese.
Os dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) de 2008, divulgados pelo
Ministério do Trabalho e Emprego apontam ainda que 1.914.596 ocupados na construção civil eram trabalhadores formais1 no final de 2008, descontadas as perdas de postos de trabalho que ocorreram de setembro a dezembro deste ano, em consequência dos efeitos da crise.
Os Estados com maior número de empregos formais no setor foram São Paulo
(514.364), Minas Gerais (259.470) e Rio de Janeiro (182.636) que juntos corresponderam a quase 50% do total, no final de 2008. Em contrapartida, os que apresentaram o menor número foram Amapá (3.257), Roraima (4.264) e Acre (6.632).
Em Mato Grosso, o crescimento no número de empregos formais deste segmento, entre os dois anos, chegou a 12,3%, passando de 24.844 a outros 27.898.
Pontos positivos
O mapeamento promovido Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) apontou alguns fatores como responsáveis pelo bom desempenho da construção civil nos Estados brasileiros cujos índices foram positivos. De acordo com a entidade, diferentes podem ter sido os fatores responsáveis pelas altas, a exemplo de maior demanda nas unidades federadas por mão de obra, investimentos públicos, além de outros.
Para o Dieese, provavelmente, o crescimento nesses Estados pode ser resultado de grandes obras, muitas delas implantadas através do PAC. Como consequência, pode ter havido uma pressão maior por mão de obra nestas localidades, o que acabou por elevar as remunerações. Também contribuiu para esse crescimento real, o aumento do salário mínimo que acaba tendo impacto positivo sobre os pisos salariais praticados em vários estados, tanto que várias negociações salariais têm garantido reajustes reais significativos nos pisos salariais e nas remunerações dos trabalhadores, seja pelo aquecimento do setor, e alta demanda por mão de obra, seja pelo ganho real do salário mínimo, informa a entidade.
A evolução do emprego formal na construção, no Brasil, mostra que as medidas de estímulo ao setor resultaram na recuperação de postos de trabalho fechados em consequência da crise. O emprego no ramo foi um dos mais afetados, mas foi também o que liderou a recuperação, pondera ainda o Departamento Intersindical.
Entre os profissionais que integram o setor da construção civil estão os serventes de obras, pedreiros, carpinteiros, pintores, eletricistas, auxiliares, além de outros.