O preço da carne bovina no atacado atingiu o patamar mais elevado da série do indicador de preços calculado desde janeiro de 2001 pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP). O indicador, que reflete os preços da carne de primeira, atingiu ontem R$ 6,94/quilo, quebrando o recorde pela segunda vez em menos de uma semana.
Na última terça-feira, o quilo da carne dos cortes traseiros já havia alcançado os R$ 6,90, maior valor já registrado até então. Apenas no mês de novembro, a carne bovina no atacado teve uma valorização superior a 7%, enquanto os preços recebidos pelos pecuaristas na venda do boi gordo subiram apenas 1,5%.
O motivo para a valorização dos preços é a baixa disponibilidade de animais para abate, provocada pelo alto índice de descarte de matrizes nos últimos dois anos. Para se adequar à nova realidade de baixa oferta de animais, muitos frigoríficos interromperam os abates em algumas unidades e deram férias coletivas para outras.
A estratégia da indústria de reduzir a demanda deu resultados, pois a cotação do boi gordo, que chegou a superar R$ 94 em junho, recuou para os atuais R$ 90. Contudo, o menor volume de abate resultou na redução da oferta de carne bovina para o atacado, fazendo com que os preços registrassem a valorização verificada nos últimos meses.
“Temos uma oferta pequena no atacado e uma margem de lucro do varejo muito elevada, o que justificam os atuais patamares de preço”, afirma José Vicente Ferraz, diretor da consultoria AgraFNP.