sexta-feira, 29/março/2024
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Pesquisa indica que empresas estão mais dispostas a fazer investimentos no negócio em MT

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A Gazeta (foto: assessoria/arquivo)

Depois de 4 anos de uma crise aguda, empresas do setor industrial em Mato Grosso começam a ver luz no fim do túnel e avaliar projetos de investimento que estavam no fundo da gaveta. Pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) que mede a intenção de investimentos do segmento no país registrou aumento de 0,6 ponto em janeiro na comparação com dezembro e atingiu 56,1 pontos. O índice varia de zero a 100 pontos e quanto maior, mais disposto o empresário está em investir. Mas, o período de crise não é só de pessimismo e ociosidade na produção. Industriais mato-grossenses aproveitaram o período de estagnação econômica para olhar para dentro do negócio e promover melhorias, se preparando para o ciclo positivo da economia que está por vir.

Não se imaginava que o Brasil fosse enfrentar uma crise tão forte. Praticamente todos os setores econômicos passaram por dificuldades, cortaram investimentos, demitiram trabalhadores, enxugaram o máximo que puderam dos custos. Peso maior foi registrado no comércio, serviços e na indústria. O agronegócio, grande exportador de produtos, conseguiu passar pelo período com menos arranhões e por muitas vezes salvou a balança comercial e o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiros de resultados ainda mais negativos.

Especialistas afirmam que os momentos de crise servem de inspiração às empresas na busca por melhorias. Sem ambiente favorável à expansão devido à retração do mercado, elas voltam as atenções aos processos adotados e buscam otimizar a operação. Foi o que aconteceu com o empresário da indústria madeireira Frank Rogiere de Souza Almeida, da Perfect Wood, em Alta Floresta (a 803 km de Cuiabá). A empresa trabalha com madeira para construção civil em geral, e no beneficiamento e produção de outros produtos como pergolados, portas, portais, pisos, madeira para movelaria além do setor de entretenimento com a fabricação de mesas de sinuca e de carteado.

No mercado desde 2008, Almeida viu os negócios minguarem em 2014 após a indústria da construção e o mercado imobiliário sentirem os efeitos da crise. Sem venda de imóveis as construções pararam e a produção na indústria caiu drasticamente. O resultado foi a demissão de funcionários, cerca de 30, e corte em todos os outros custos possíveis. “Passamos a trabalhar em duas frentes, no aprimoramento da mercadoria que a gente produz, na eliminação de intermediários, vendendo direto para o consumidor final, e na busca de mercado internacional”.

Sem investir muito, ele conta que o grande passo foi dado a partir da visitação à maior feira internacional do setor madeireiro da Europa, na França, em maio do ano passado, quando ele viu o potencial de atender alguns mercados fora do Brasil. Os equipamentos que possuía só precisavam de alguns ajustes para produzir de acordo com os padrões exigidos nos outros países. “Retornando para cá, fizemos as adequações necessárias, qualificamos a mão de obra e em outubro fechamos o 1º contrato, com embarque dos produtos em dezembro, para a própria França”, diz ao comentar que fechou contratos com o Panamá, Tchecoslováquia e China. Na lista de produtos exportados estão decks e madeira para fabricação de móveis.

Também durante o período da crise, a Perfect Wood, que tem duas unidades em Alta Floresta, ampliou os negócios e comprou outra indústria madeireira em Apiacás, no fim de 2015. “O empresário estava com dívida e se desfazendo do negócio. Decidi investir na compra da indústria, que veio toda equipada”, afirma o empresário ao contar que desembolsou cerca de R$ 1 milhão. Atualmente as empresas mantêm 80 funcionários e produz cerca de 1 mil metros cúbicos de madeira por mês. Para o próximo ano, a meta é exportar 20% da produção e o restante ficará no mercado interno, em Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná. “Agora estamos sentindo o mercado mais otimista. Esperamos mais negócios e oportunidades. Se tudo correr como está, a partir de maio retomaremos as contratações”.

Nem mesmo empresas consolidadas no mercado ficaram imunes aos efeitos da crise. No mercado brasileiro desde 1970 e em Cuiabá desde 1983, a construtora Plaenge também reviu muitos processos durante o período de crise para reduzir os custos e melhorar as operações. Rogério Fabian, gerente geral da empresa em Mato Grosso, afirma que em 2013, época que a economia estava no auge de crescimento, com obras públicas e privadas a todo vapor estimuladas pela Copa do Mundo de 2014, a construtora tinha 33 torres em construção na Capital e a 1ª medida tomada diante da retração no mercado foi colocar o pé no freio.

No caso da construção civil, o agravante foi a falta de regulamentação sobre os distratos de compras de imóveis, situação bastante delicada tanto para o consumidor – que se viu desempregado e com uma dívida bem grande pela frente -, quanto para a construtora, que havia recebido parte do dinheiro e aplicado na obra, atitude comum no setor, e que agora estava diante de uma série de rompimentos nas negociações.

Além de suspender lançamentos, a Plaenge concentrou os trabalhos na redução dos estoques de apartamentos, para trazer equilíbrio entre as receitas e despesas. Funcionários tiveram de ser dispensados e mesmo agora, com a melhora no entusiasmo do mercado, não há uma previsão de recontratação. “Foi uma realidade muito dura para o mercado imobiliário. Muitas empresas no país não aguentaram e fecharam. Recentemente, o governo regulamentou a lei dos distratos, o que vai trazer equilíbrio nessa relação de consumo”, afirma Fabian.

Outra medida adotada durante a crise foi a contratação de uma consultoria alemã. Desde 2016 a empresa adota as ações indicadas, o que surtiu efeito positivo nas operações. Conforme ele, o equilíbrio nos estoques foi atingido e a empresa aguarda o melhor momento para retomar os lançamentos. As decisões de cortar despesas tomadas pelas empresas eram esperadas, diz o economista Carlos Vitor Timo, da PR Consultoria, que há muitos anos atende empresas industriais em Mato Grosso. “Tem uma frase que diz que custos operacionais são iguais às unhas, têm que cortar sempre”, comenta ele ao explicar que essa prática faz parte da dinâmica dos negócios.

No que se refere ao entusiasmo para investimentos, ele diz que é preciso aguardar a aprovação das reformas previdenciária e tributária por parte do governo, para se ter um cenário mais favorável. Diz ainda que os momentos de crise servem para uma seleção do mercado, onde sobrevivem apenas os fortes. “E ter dinheiro não significa ser forte”, lembra.

A necessidade de promover reformas no país é ressaltada pelo presidente da Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt), Gustavo de Oliveira, ao comentar que desde o fim de 2017 alguns indicadores econômicos melhoraram, com aumento da atividade econômica, nas contratações, na utilização da capacidade, e agora na propensão em investir. “Mas o governo precisa resolver os gargalos para permitir o desenvolvimento”.

 

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