Até o fim de novembro, 5,023 mil cédulas foram retidas em Mato Grosso, o que representou um total de R$ 222,618 mil dinheiro falsificado circulando no Estado, segundo dados do Banco Central do Brasil (BC). Apesar do número de retenções ter diminuído 23,03% em relação ao ano passado, quando foram retidas 6,526 mil notas, o momento é de atenção. Com as compras de Natal, pagamento de 13º salário e lojas lotadas, lojistas e consumidores devem se precaver para evitar prejuízos.
De acordo com o perito criminal e consultor Arnaldo Ferreira, sempre que são lançadas notas novas, como as de R$ 50 e R$ 100 que foram colocadas no mercado em 2010 mas começaram a circular com mais intensidade no comércio mato-grossense este ano, o momento é propício para falsificações, principalmente as mais grosseiras. Somente entre as novas notas, já foram retidos R$ 3,950 mil no Estado. Para as dúvidas sobre estas cédulas de R$ 50 e R$ 100, o consultor recomenda que as pessoas assistam ao vídeo disponibilizado no site do Banco Central com o dinheiro na mão, a fim de se familiarizar com a textura, maleabilidade, formato e elementos visuais.
Segundo Ferreira, essas são as principais características para reconhecer as notas falsas, tanto das novas, quanto das antigas. Ele lembra que alguns métodos utilizados no comércio, como a caneta desenvolvida para identificação das cédulas e a exposição ao ultravioleta nem sempre são eficazes. Isso porque alguns falsários costumam lavar cédulas de menor valor para imprimi-las novamente. Uma dica valiosa neste caso, conforme o consultor, é observar qual o tipo de marca d"água que aparece na nota. A partir de R$ 50, as cédulas não têm a bandeira do Brasil impressa.
O diretor-presidente da rede de supermercados Modelo, Altevir Magalhães, relata que as notas falsas não são um problema grave nas lojas e que o problema acontece esporadicamente, mesmo assim, os operadores de caixa passam por um treinamento regularmente para poder identificá-las. Já a rede City Lar, pertencente à holding Máquina de Vendas, adotou a caneta detectora para aumentar a segurança na hora de checar a autenticidade da nota.
Nesta época do ano, a atenção deve ser ainda maior no comércio, principalmente em minimercados, padarias e lojas de conveniência. O consultor explica que antes de passar a nota falsa, a pessoa costuma observar o comportamento do atendente, se ele observa ou não a cédula, para então, aplicar o golpe. Geralmente, na primeira vez, o dinheiro falso está no meio de notas originais. Uma maneira rápida é observar o número de série das notas. Ele nunca podem ser idênticos. Mas a medida não evita a tomada de outros cuidados. A maioria das cédulas falsificadas é de R$ 50.
Somente até o final de novembro deste ano foram apreendidas 3,922 mil delas em Mato Grosso, totalizando R$ 196,1 mil. Em seguida, aparecem as de R$ 20, que circulam com maior frequência no comércio. As 580 cédulas retidas neste valor somam um prejuízo de R$ 11,6 mil. No entanto, até valores menores são falsificados. Em 2011 foram retidas 4 notas de R$ 2 e 62 de R$ 5.
Ranking – Mato Grosso é o 13o estado em número de cédulas falsas retidas, segundo o Banco Central. Apesar de estar distante das unidades federativas com índices preocupantes, o fato não dispensa atenção. Mesmo com a redução na quantidade de notas circulando em relação ao ano passado, o rombo, em 2010, foi maior e o prejuízo com o dinheiro falsificado encontrado no Estado chegou R$ 309,599 mil.
Na maior parte das vezes, quem arca com esta conta é o próprio consumidor, que por não ter o costume de verificar a autenticidade da nota. De acordo com a legislação, se depois de receber o dinheiro falso, a pessoa identificá-lo e tentar passar adiante poderá ser condenado a pena de 6 meses a 2 anos de detenção.
As cédulas falsas não são trocadas pelo Banco Central, que apenas as recebe e examina se são verdadeiras ou não. Quem tiver dúvida sobre o dinheiro que tenha recebido pode apresentar a nota suspeita em qualquer agência bancária para conferência da autenticidade.
Possíveis soluções – As ideias para acabar com esses transtornos, principalmente para a população, surgem de todas as partes. O produtor rural de Jaciara (a 144 km de Cuiabá), Honório Mendonça Neto, defende a extinção do dinheiro em papel. Ele diz não entender porque o governo continua investindo em ações para combater a falsificação, em novas tecnologias para a emissão de células ao invés de avançar no sentido de implantação da moeda eletrônica.
Segundo o produtor, a extinção do dinheiro contribuiria para a diminuição da criminalidade e até da corrupção. Sua proposta é a transferência eletrônica de valores, em que o consumidor poderia digitar, por meio do celular ou máquina específica, um código que autorizaria a transmissão do crédito. Desta forma, toda as transações comerciais seriam identificadas. Mendonça diz que o principal problema em relação às cédulas é o fato delas serem impessoais. Quem recebe uma nota falsa, não tem como identificar de onde ela veio, por isso fica com o prejuízo.
Da mesma forma, quem paga propina ou recebe dinheiro de operações ilícitas se beneficiando do superfaturamento, teria mais dificuldade para se livrar as acusações, já que seria possível rastrear o caminho percorrido pelo dinheiro. A ideia de Mendonça não está muito longe da nossa realidade. Sistemas para a transferência eletrônica de valores já estão em desenvolvimento em diversas instituições do país.
O primeiro título de crédito a ser substituído deve ser o talão de cheques. Apesar da transferência eletrônica já ser bastante utilizada e dos clientes de algumas agências bancárias já contarem com a opção de débito parcelado, muitos ainda não abrem mão da emissão de cheques, que também são sucessíveis a fraudes.