Cerca de 500 cabeças de gado estão sendo transportadas por uma “rota alternativa” onde caminhões percorrem mais de 1.100 Km de São José do Xingu, até um frigorífico em Matupá (220km de Sinop). A paralisação da travessia pela balsa no Rio Xingu, que liga as regiões Nordeste e Norte de Mato Grosso e o Pará, acontece desde a última quinta-feira (22). A decisão partiu de lideranças do Parque do Xingu, em protesto contra o leilão da Usina de Belo Monte, a ser construída em Altamira, no Pará, apontando que trará prejuízos ambientais e para os indígenas.
A balsa tem capacidade para 300 toneladas e atende quem usa a antiga BR-080 por onde também passam dezenas de caminhões transportando gado para frigoríficos no Nortão.
O gerente de compras de um frigorífico em Matupá, Natalino Sanchez Filho, disse hoje, ao Só Notícias, que desde a semana passada a indústria diminuiu a produção em 50%, por falta de matéria prima. Por dia são abatidas 800 cabeças e a maioria vem da região do outro lado do rio.
A empresa havia comprado e embarcado animais em 27 caminhões para transportá-los no sábado. Para não morrer boi e ter comprometimento com carcaças, (perda de peso), a empresa preferiu transportar por um desvio, passando por Nova Xavantina, Ribeirão Cascalheira, saindo em Sorriso e seguindo pela BR-163. “Cerca de 70% do trajeto é por estrada de chão. Tivemos caminhão quebrado, sem falar no aumento do frete que triplicou, mas tivemos que tomar esta decisão em consideração aos pecuaristas que fizeram o negócio”, disse.
Este comprometimento no abate reflete em outros setores de negócios da indústria que exporta carne. Conforme o gerente, os prejuízos passam de R$ 350 mil e pode se agravar se o bloqueio não for suspenso. Só Notícias apurou junto ao escritório da FUNAI em Colíder que nesta segunda-feira(26) o bloqueio continua na balsa no Rio Xingu.