Produtores da região Norte que se preparam para a próxima safra de soja esbarram na dificuldade em obterem financiamentos para custear o plantio e adquirirem insumos e produtos necessários para o cultivo da oleaginosa. Uma situação que preocupa, levando-se em conta os prejuízos que podem ser gerados e o curto tempo para o início do novo ciclo. Em Sorriso, maior produtor nacional de grãos, pelo menos 20% dos agricultores não fizeram a aquisição para o cultivo, conforme explica o presidente do Sindicato Rural, Nelson Picoli. Entre os motivos estão as restrições e embargos ambientais, que os impedem de buscar o dinheiro. “Estes 20% não compraram o básico para o plantio”, declarou, ao Só Notícias/Agronotícias.
“Os maiores problemas são os embargos, da normativa que o governo colocou para ter acesso ao custeio, como estar pelo menos com a Licença Ambiental Única (LAU) encaminhada. O agricultor não consegue se operar devido a ineficiência dos órgãos competentes”, argumentou.
Picoli explica que aproximadamente 60% dos agricultores já adquiriram fertilizantes, sementes e herbicidas para o plantio. Entretanto, a realidade deles diferencia-se dos demais. “Estes agricultores estão em melhores condições, e há algum tempo, nos modelos de trocas nas tradings, adquiriram os financiamentos. Outros tinham recursos próprios e se anteciparam a estes embargos”, declarou.
Estima-se que outros 20% ainda buscarão as linhas de financiamento. Contudo, terão de procurar um valor superior ao do ano passado, devido principalmente a elevação no custo para se produzir. “Estamos com a preocupação que a tendência poderá refletir em uma queda de tecnologia (relativa ao uso de fertilizantes)”, salientou.
Segundo o sindicalista, uma redução na área plantada no município na safra 2008/09 não está descartada, motivada pela atual situação. “A esperança é que tudo se ajuste e o município plante a mesma área cultivada, com 600 mil hectares. Porém, com uma probalidade de redução na área ainda não calculada”, falou.
A Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), estima que a restrição de crédito imposta aos produtores do bioma amazônico resultará na redução de aproximadamente R$1 bilhão em financiamento para a safra 08/09. Ela foi gerada por conta do crescimento no desmatamento, detectado em dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), rebatidos pelo governo estadual.
Recentemente, a Famato entrou com recurso contra a presidência do Banco Central, que assinou a resolução do Conselho Monetário Nacional 3545, estabelecendo a restrição.