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New York Times aponta desafios em ferrovia Bioceânica que passará por Lucas do Rio Verde

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Uma reportagem do jornal americano The New York Times destacou, no último sábado, as dificuldades para “tirar do papel” a ferrovia Bioceânica, que ligará o Oceano Atlântico ao Pacífico. Em matéria assinada por Simon Romero, chefe do departamento de jornalismo para assuntos do Brasil, são apontados os obstáculos, entraves e barreiras políticas, ambientais e técnicas para o projeto chinês que prevê uma ferrovia de 4,4 mil quilômetros de extensão entre o Porto de Açu, no litoral do estado do Rio de Janeiro e Boqueirão da Esperança, no Acre. “As ambições são vertiginosas, uma das mais grandiosas na América Latina, desde que milhares de trabalhadores pereceram construindo estradas de ferro através das ameaçadoras selvas do Brasil há mais de um século atrás”, cita o começo da publicação.

O jornal ainda ressaltou que em Lucas do Rio Verde, cidade incluída no traçado da ferrovia e que poderia se tornar um importante centro de transporte agrícola, as pessoas ainda veem o projeto com desconfiança. “Em cima de tudo isso, temos um governo muito frágil", disse ao jornalista o prefeito de Lucas Verde, Otaviano Pivetta, acusando o presidente Dilma Rousseff (PT), que apoia o projeto ferroviário chinês. "Claro, eu gostaria que acontecesse, mas não podemos ignorar os obstáculos", complementou.

Outro que se mostrou reticente com o empreendimento foi o presidente da Aprosoja, Ricardo Tomczyk. "Eu não tenho dúvida de que a China tem dinheiro e know-how para fazer acontecer. Mas a burocracia brasileira é mais gigantesca do que construir uma estrada de ferro entre os cumes dos Andes”. O ex-prefeito de Lucas do Rio Verde, Marino Franz, resumiu que “não quero ser pessimista sobre a estrada de ferro, mas vai ser muito difícil".

De acordo com o The New York Times, figuras políticas e empresários poderosos, cujos portos e centros de processamento de soja poderiam ser ameaçados, já estão “explodindo” o projeto chinês. “Eu não acredito nisso", teria dito o senador Blairo Maggi, citado também como um agricultor de soja e ex-governador de Mato Grosso, durante fala no Senado.

Entre os outros obstáculos apresentados estão a pressão de grupos ambientalistas, que alegam que a ferrovia pode acelerar o desmatamento na bacia do rio Amazonas, e as leis trabalhistas, que dificultam a contratação de trabalhadores estrangeiros, em “contraste com países africanos, onde os chineses construíram ferrovias com sua própria mão de obra”. Há também, conforme o jornalista, outros problemas a se considerar. “Um megaprojeto após o outro encontra-se parado ou abandonado nos últimos anos (no Brasil), muitas vezes por causa da corrupção, falta de dinheiro, obstáculos burocráticos, excesso de custos, ou todas as opções anteriores”.

Entusiastas da Bioceânica, por outro lado, acreditam que o declínio nos preços das commodities agrícolas brasileiras e da economia “cambaleante” do país podem melhorar o poder de barganha com autoridades locais para que estas aceitem os termos chineses para a estrada de ferro. “Com a economia do Brasil em dificuldade, alguns funcionários poderosos estão dispostos a aceitar a proposta, ao mesmo tempo, sugerindo que a ferrovia pode ser prosseguida com uma abordagem menos ambiciosa, fragmentada”, destaca o jornal, apontando que a opinião é compartilhada também pelo ministro do Planejamento, Nelson Barbosa.

Segundo a publicação, a China já supera os Estados Unidos como o maior parceiro comercial do Brasil e também tem aumentado o comércio com a América Latina, passando de US$ 12 bilhões em 2000, para US$ 285 bilhões em 2014. “Mas enquanto a demanda chinesa por commodities alimentou o crescimento das cidades agrícolas, como Lucas do Rio Verde, as exportações de soja e milho ainda são em grande parte levadas para portos em vias públicas deploráveis como a BR-163. Trechos não pavimentados permanecem aumentando os custos de frete. Quando chove, alguns caminhoneiros ficam presos por dias”.

Para o estudante da incursão chinesa na América Latina, da Universidade de Boston, Kevin Gallagher, a Bioceânica está entre os maiores projetos de infraestrutura da América Latina no último século. "A China vai ter que subir a curva de aprendizado para que isso seja possível (tornar realidade o projeto)", disse ele. "Se os chineses não puderem fazer acontecer, então ninguém pode".

Em Mato Grosso o traçado deverá incluir também Água Boa e Sapezal.

No mês passado, deputados e senadores da Frente Parlamentar mista pró-ferrovia Bioceânica se reuniram com o ministro Nelson Barbosa, para discutir a viabilidade e incentivar a construção da ferrovia. O ministro informou que os estudos para a execução da obra estão sendo realizados por uma empresa chinesa e deverão ficar prontos até maio do ano que vem. A previsão é de que as licitações sejam iniciadas no segundo semestre de 2016. 

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