Com pouco mais de R$ 400 emprestados do programa Microcrédito, a vida do “seo” Geraldo Sansão Silva, de 69 anos, e da dona Maria Aparecida Camargo Silva, de 51 anos, moradores da cidade de Colíder, teve uma mudança significativa. Desde dezembro de 2007 que o casal trabalha com a fabricação de macarrão caseiro e o “macarrão do seo Geraldo” como é mais conhecido na cidade já conquistou o mercado local.
O valor emprestado do programa foi usado para comprar um cortador e laminador de massa. Antes do equipamento, dona Maria só fazia o macarrão para o consumo da família e de vez em quando atendia um vizinho. Como a fama do macarrão se espalhou pela cidade, seo Geraldo decidiu investir no negócio e de lá pra cá as vendas só aumentaram.
Por mês eles vendem aproximadamente 30 quilos de macarrão. O cliente pode optar por levar uma embalagem de ½ quilo ou de 1 quilo. “O que mais sai é o de ½ quilo, que rende bastante e dá pra até quatro pessoas comerem”, comentou dona Maria. O preço da embalagem de ½ quilo é R$ 3,00.
Em outubro deste ano eles terminam de pagar o empréstimo, que foi parcelado em oito vezes, sem juros, e com três meses de carência para iniciar o pagamento. Com o dinheiro das vendas do macarrão, eles pagam a prestação e com o que sobra já conseguiram comprar um freezer e duas bancadas para o preparo da massa.
Juntando a aposentadoria do seo Geraldo e mais o salário que dona Maria ganha como doméstica, a renda da família chega a R$ 650. “Nunca teríamos condições de comprar esta máquina se não fosse essa ajuda do Microcrédito. Depois que acabar as prestações, vamos continuar investindo no negócio do macarrão, que tem dado um ótimo resultado. Nossa vida está só melhorando”, contou seo Geraldo.
O Microcrédito, do Governo do Estado, é o “empurrãozinho” que a pessoa precisa para iniciar ou ampliar um pequeno negócio. Por meio do programa pode-se emprestar até R$ 1 mil, parcelado em 12 vezes, sem cobrança de juros e com até três meses de carência para iniciar o pagamento. Com esse recurso é possível financiar máquinas, equipamentos e matérias-primas.
PEQUENAS EMPRESAS – O cliente do Microcrédito é aquele cidadão que não se encaixa nos requisitos exigidos pelos bancos tradicionais para tomar um empréstimo. São pessoas cuja renda não alcança o mínimo exigido pelo sistema financeiro tradicional ou não possuem todos os documentos exigidos para liberação do dinheiro. Por ser menos burocrático, o Microcrédito do Governo do Estado tem despertado a atenção daqueles que sonham em sair da informalidade e se tornar uma pequena empresa.
É o caso do João Ferreira de Souza, de 45 anos, e da esposa dele, Lourdes Novagoski, de 29 anos. O casal, que também é morador de Colíder, decidiu investir no ramo alimentício e há um ano abriram a empresa Alimentos Novagoski. Graças ao Microcrédito, foi possível comprar os vidros e embalagens necessárias para iniciar a fabricação de temperos caseiros, doces e geléias. Eles emprestaram o valor de R$ 996,00, parcelados em 10 vezes.
Atualmente, o Tempero Novagoski, já está à venda em todos os supermercados da cidade, em frigoríficos, casa de carne, restaurantes e outros estabelecimentos comerciais.
O resultado do investimento veio em pouco tempo. Com o retorno do negócio eles estão quitando as parcelas integralmente e em dia e compraram mais matéria-prima. O próximo passo dos novos empresários é investir no comércio fora de Colíder. Para isso, estão adaptando a embalagem, contrataram uma nutricionista e entraram com pedido junto à Anvisa. “Estamos nos preparando para disputar a concorrência com outras empresas do mesmo ramo e isso exige mais investimentos. Temos certeza que o retorno será tão bom quanto o que tivemos em Colíder. O Tempero Novagoski tem condições de conquistar o paladar de outros consumidores e ganhar mais espaço no mercado”, afirmou João de Souza.
O secretário municipal de Indústria, Comércio, Emprego e Renda de Colíder, Lourenço Aparecido Marani, destacou que já está em estudo uma área no Distrito Industrial da cidade para a empresa Novagoski. “Não precisamos nos preocupar com a formalização do negócio, porque isso aconteceu de formar espontânea. À medida que eles foram crescendo, sentiram a necessidade de se tornar uma empresa formal. Com certeza, eles poderão daqui mais pra frente entrar em linhas de financiamento maiores, pois o perfil deles mudou, não são mais aqueles empreendedores que iniciaram com o Microcrédito. O programa serviu de base, de alicerce para o início do negócio”.
Em Colíder, o programa iniciou em 2005 e já atendeu a 70 empreendedores, liberando um montante de R$ 66.202,44 e gerando 105 empregos diretos e indiretos a partir dos negócios impulsionados. A Prefeitura Municipal de Colíder é parceira na realização do projeto e capacitou agentes de crédito que acompanham a execução do projeto.