Mato Grosso está menos competitivo com a piora de alguns indicadores estratégicos para o desenvolvimento. Atualmente ocupa 12ª posição na classificação geral entre as 27 unidades da Federação, após recuar duas colocações em relação a 2016. Este ano constata-se a deterioração da solidez fiscal, do potencial de mercado e da inovação. Não houve melhora em relação à sustentabilidade social, ambiental, segurança pública e capital humano. Nas áreas de infraestrutura, educação e eficiência da máquina pública registram-se avanços.
Para a composição do ranking de competitividade foram considerados 66 indicadores, agrupados nos 10 pilares supracitados. No cômputo geral, Mato Grosso alcança a média de 48,8 pontos em 2017, abaixo de 2016 (55 pontos) e de 2015 (52,8 pontos). A piora nos indicadores de forma geral é verificada em todo o país, com as médias recuando de 53,6 pontos em 2015 para 50,2 pontos em 2016 e para 47,9 pontos em 2017.
Destacam-se nas primeiras colocações do ranking nacional os estados de São Paulo, seguido por Santa Catarina. O 1º manteve a posição de liderança enquanto o estado sulista avançou da 3ª para a 2ª colocação no ranking atual. O Paraná migrou da 2ª para a 3ª posição em relação ao ano anterior. O Distrito Federal segue na 4ª colocação. Já os circunvizinhos Mato Grosso do Sul e Goiás se colocam no ranking nacional na 5ª e 13ª posições, respectivamente.
A avaliação desses indicadores nas 27 unidades federativas foi feita pelo Centro de Liderança Pública (CLP), em parceria com a Tendências Consultoria e a Economist Intelligence Group. Os resultados foram divulgados na última quarta-feira (20). “No ranking final ficamos em uma posição mediana (12º colocado) entre 27. O desempenho poderia ter sido melhor caso não fossem os resultados pífios nos critérios segurança pública, inovação e sustentabilidade ambiental”, observa o economista Jonil Vital de Souza. No último quesito citado por ele, os problemas com a emissão de gás carbônico decorrentes das queimadas, destinação inadequada do lixo, falta de tratamento de esgoto foram as principais causas do arrasto.
Como entraves à melhora do ranking de competitividade, o economista cita ainda o elevado custo da energia elétrica, da mão de obra e o reduzido mercado interno. Em oposição às limitações, Mato Grosso detém uma área geográfica privilegiada a 3ª mais extensa do país e uma expressiva produção agropecuária, pondera Souza. “Isso denota o dinamismo do setor (agropecuário) e faz com que a renda per capita do mato-grossense esteja acima da média brasileira”, observa.
Apesar desse diferencial competitivo, o Estado precisa potencializar a verticalização da produção para agregar valor aos produtos, melhorar a geração de emprego e renda. É necessário, ainda, prosseguir com as melhorias na infraestrutura de transportes, principalmente com investimentos nos modais hidroviários e ferroviários. Dessa forma, o escoamento da produção melhora, assim como reduz o custo das matérias-primas necessárias à produção local.
Na avaliação do economista e professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Mamadu Lamarana Bari, o Estado tem se posicionado de forma privilegiada no ranking de competitividade, com relação a outros estados da Federação, este ano. Ele destaca que a pontuação geral de Mato Grosso (48,8 pontos) ficou acima da média brasileira (47,9 pontos). “De modo global, não está numa situação pior, ainda que tenha baixado o seu índice com relação aos 2 últimos anos”
Apesar de ter ficado, em termos de competitividade, abaixo dos estados da região Sul e Sudeste e de Mato Grosso do Sul, o Estado apresenta colocação melhor em comparação com Goiás e todo o restante dos estados do Norte e Nordeste do país. Para o economista, a implementação de políticas públicas focadas em incentivar o crescimento econômico e desenvolver o bem-estar social deve ser reforçada.
No pilar potencial de mercado, Mato Grosso registrou a maior queda entre os 10 indicadores, ao perder 7 pontos em relação ao ano anterior. Com isso, passa a ocupar a 9ª posição no ranking nacional. O resultado é fundamentado na análise do tamanho do mercado e da taxa de crescimento, sendo que o Produto Interno Bruto (PIB) reduziu em relação a anos anteriores. Nos quesitos solidez fiscal e inovação, o Estado perdeu 2 pontos. A solidez fiscal foi medida com base nas avaliações do resultado nominal, solvência fiscal, resultado primário, capacidade de investimento, autonomia fiscal e sucesso da execução orçamentária. Atualmente, Mato Grosso ocupa a 8ª posição nacional no ranking solidez fiscal.
Para melhorar neste indicador, o governo do Estado propôs a PEC dos Gastos, que será ainda votada pelo Legislativo, e irá encaminhar a reforma tributária. “A função do Estado como agente regulador e indutor do desenvolvimento requer uma atuação mais incisiva, coordenando ações que promovam o desenvolvimento e integração de cadeias produtivas. O Estado precisa recuperar a capacidade de investimento, para tanto é necessário o equilíbrio nas contas públicas, direcionando suas despesas para as áreas fins (saúde, educação e segurança pública)”, pontua o economista Jonil Vital de Souza.
No aspecto inovação, Mato Grosso ocupa a 21ª posição no ranking brasileiro. Neste quesito foram avaliados a produção acadêmica, investimento público em Pesquisa e Desenvolvimento e patentes. Os avanços foram assinalados nas áreas de infraestrutura, educação e eficiência da máquina pública. Para cada um desses pilares as pontuações subiram em 7, 3 e 2 pontos, respectivamente. No setor de infraestrutura foram avaliadas as qualidades das rodovias, mobilidade urbana, custo dos combustíveis, acessibilidade e custo do serviço de telecomunicações, qualidade e custo da energia elétrica e disponibilidade de voos diretos. O desempenho neste indicador alça Mato Grosso para a 8ª posição no ranking nacional.
Na área educacional, Mato Grosso é o 12º mais competitivo do país. Neste quesito foram avaliados o acesso à Educação, frequência escolar e avaliação do ensino. No aspecto da eficiência da máquina pública, MT é o 11º melhor do país, resultado influenciado principalmente pela melhora no custo e eficiência do Judiciário. Dentro deste pilar foram avaliados, ainda, o custo do Executivo e do Legislativo e os gastos com comissionados.