Mato Grosso é pelo segundo mês consecutivo o Estado com maior índice de adimplência de cheques do país. O Tele Cheque, entidade que levanta o número de cheques honrados em todo o país, aponta que 98,78% dos cheques emitidos tinham fundo. Assim, a taxa de inadimplência diminuiu de 2,38% para 1,22% entre o mês de julho de 2009 e o sétimo mês deste ano.
O vice-presidente da Federação do Comércio de Mato Grosso (Fecomércio), Roberto Peron, explica que o bom desempenho do Estado é reflexo do ganho de poder aquisitivo, do pagamento em dia de funcionários público e do ganho real obtido no salário mínimo. "O impacto do pagamento em dia de funcionários é muito grande no comércio e está ligado diretamente com a inadimplência".
Porém no comércio é cada vez menos usual o pagamento com cheques e clientes e lojistas dão preferência pelo uso de cartões de crédito e débito, como é o caso da terapeuta Sueli Gonçalves. Apesar de possuir talão de cheques, Sueli só emite folhas em caso de parcelamento ou transferência de valores entre um banco e outro. "Às vezes uso o cheque para evitar de sacar dinheiro em um banco e depois depositar em uma conta de outro banco ou quando faço compras a prazo, ao invés do boleto, prefiro pagar com cheque".
Os dados da Fecomércio mostram que entre 10% e 20% das transações comerciais realizadas no Estado utilizam o cheque, mas que estas transações, em sua maioria, são realizadas no setor atacadista, o que justificaria a pouca movimentação no comércio varejista.
Para os lojistas, a troca do cheque pelos cartões dá mais segurança e evita calotes. De acordo com a gerente da loja de sapatos Luciula, Lucidalva Sousa, quando o cliente diz que só trabalha com cheque é até estranho de tão rara é a incidência. " Quase ninguém mais trabalha com cheques, até aceitamos, mas infelizmente não dá a mesma garantia de quando as compras são pagas com o cartão".
O gerente da City Lar, Flávio Calado Bueno, diz que em sua a loja os clientes que pagam com cheques não correspondem a 10% do total, mas que mesmo assim causa insegurança ao vendedor. Segundo Bueno, a inadimplência é maior do que 1,22%. "Do total de comercializado e pago com cheque, cerca de 3% não é quitado. Estes cheques ficam parados na empresa por anos, o cliente só procura a loja quando precisa limpar o nome no mercado".
Para o gerente, os clientes alegam que o cartão de crédito está com o limite estourado ou que não é bom dia para realizar compras devido a data de vencimento do cartão para fazer uso do cheque. O piloto Aurimar Nogueira afirma que quase não utiliza mais o talão de cheques, somente para ocasiões especiais. Aliás, são as ocasiões especiais que levam Silvia Espíndola a ter sempre uma folha. "É muito difícil eu pagar com cheque, apenas quando é compra programada ou para pagamento à prestadores de serviço, como é caso da pessoa que concertou o meu sofá. Como não trabalha com cartão e eu parcelei o serviço com cheque.