O Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, órgão vinculado ao Ministério do Planejamento) revisou nesta quarta-feira suas projeções de crescimento para a economia, consumo das famílias, investimentos, exportação e indústria para baixo.
De acordo com as projeções do instituto, o PIB (Produto Interno Bruto, soma de todas as riquezas produzidas por uma país) deverá encerrar o ano com expansão de 2,8%. A projeção inicial do instituto era de 3,5%.
A mudança nas projeções econômicas ocorre cerca de uma semana após a divulgação dos dados do PIB referentes ao primeiro trimestre, que revelou um crescimento de apenas 0,3% no período.
A maior redução nos cálculos foi verificada em investimentos. O instituto projeta crescimento de 4,8%, contra uma previsão anterior de 8,3%. As exportações de bens e serviços deverão ter um fôlego menor que o previsto inicialmente. A taxa de crescimento projetada passou de 10,2% para 9,4%.
O desempenho do PIB na ótica da produção deverá ser mais fraco em agropecuária, indústria e serviços. A agropecuária, único setor com taxa positiva no primeiro trimestre, deverá crescer 3,4%, contra os 4,1% projetados antes. O setor de serviços –o de maior peso no PIB– deverá registrar expansão de 2%, contra projeção inicial de 2,4%.
A indústria, que no primeiro trimestre registrou queda de 1%, deverá encerrar o ano com expansão de 3,7%. A projeção inicial do instituto era de crescimento de 4,7%.
Assim como a maioria dos analistas, o Ipea prevê que a produção industrial não vai refletir o desempenho de 2004, quando registrou expansão de 8,3%, maior taxa em 18 anos.
De acordo com o instituto, a produção industrial vai crescer 3,6%, ante projeção anterior de 4,6%.
A inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo, do IBGE) vai terminar o ano em 6,3%, segundo as projeções do Ipea. O patamar é próximo do teto fixado pelo Banco Central para este ano. A política monetária persegue uma meta de inflação ajustada de 5,1% (podendo chegar a 7%).
O aumento dos preços deverá se refletir sobre o consumo das famílias. O instituto revisou suas projeções de consumo de 4,3% para 3,8%. A taxa de juros do ano também deverá refletir esse esforço para conter o avanço de preços. A Selic em 2005 deve passar dos 18,3% previstos anteriormente para 19,3%.
O câmbio médio deve ficar em R$ 2,60 neste ano. A projeção inicial era de R$ 2,79.
O Ipea prevê aumento no saldo da balança comercial de US$ 27,7 bilhões, conforme projetado anteriormente, para US$ 35,3 bilhões. Enquanto o consumo das famílias deve sofrer redução, o Ipea projeta um aumento do consumo do governo de 0,7% para 1%.