A comercialização do arroz beneficiado em Sinop é um dos maiores problemas enfrentados pelas indústrias do setor. Em algumas, a produção caiu até 70% nos últimos meses. Entre os fatores estão a queda no dólar, os baixos preços praticados na região Sul do país e excesso de produto no Estado.
O proprietário de uma beneficiadora, Vilson Schneider, disse, ao Só Notícias, que não consegue repassar o preço pago aos produtores e dos custos de produção no produto final. “Temos os estoques, porém não temos preço competitivo com o arroz da região Sul e também do importado”, argumentou. A empresa produz em média, cerca de 30 mil fardos ao mês. “Antes produzíamos até 120 mil fardos. Nossa produção caiu 70%”, enfatizou. A redução da mão-de-obra também está sendo adotada.
Em outra unidade, o gerente Guido Franznes destacou que a indústria mato¬-grossense não consegue competir com nenhum outro Estado e muitas estão tendo prejuízos. “As indústrias do Sul, por exemplo, estão mais próximos de portos e são favorecidas, principalmente para adquirir importados, isso diferencia com o arroz daqui, já que o produtor também tem que ganhar”, enfatizou. A empresa reduziu 30% sua produção mensal, que hoje chega a cerca de 3,5 mil toneladas.
A entrada de arroz de outras regiões no Estado também é considerada um entrave para a comercialização. É o que explica o empresário Darci Pedrazani. “A região Sul coloca arroz aqui, até a Argentina coloca arroz aqui. E a nossa produção é mais cara que outros locais, porque a distância é maior e o adubo e defensivos chegam mais caros”, alertou.
A empresa de Pedrazani, que atua há 25 anos em Sinop, está produzindo apenas 20% da capacidade de quatro anos atrás. “Antes empregávamos até 30 pessoas na época da safra e oito no período normal. Hoje estamos com apenas dois funcionários”, acrescentou. O preço pago pela saca está, em média, R$ 25.
“Não queremos que o produtor tenha prejuízo, ele tem que ganhar, mas diminuiu nosso poder de competitividade”, concluiu o gerente Guido Franznes. Este ano, Mato Grosso produziu 789,8 mil toneladas de arroz, perdendo apenas para o Rio Grande do Sul e Santa Catarina no ranking dos maiores produtores. Muitos orizicultores investem na região Norte.