A ineficiência do transporte no Brasil gera perdas de até U$ 4,6 bilhões por ano em custo de frete adicional. A avaliação é de Olivier Girard, sócio Diretor da Trevisan Construtores e responsável pela parte de infra-estrutura logística da empresa, que estuda novos traçados para a continuidade do transporte ferroviário em Mato Grosso. “Perdemos muito em relação a outros países que utilizam ferrovia. Temos custos 60% mais caro devido ao transporte rodoviário, um modal caríssimo”, afirmou Olivier.
Suas declarações foram feitas, durante o Workshop “Desenvolvimento Região Brasil Central” que teve como objetivo, estabelecer o termo de referência para a elaboração de um plano que priorize os projetos na área de transportes da região central do Brasil. “Essa região oferece novos horizontes quando se fala em alternativas nos modais ferroviário e rodoviário”, disse.
No estudo sobre logística do Brasil Central, Olivier Girard comentou um projeto de 2004 que mostra a viabilidade de escoamento da produção mato-grossense, cujo traçado atingia a BR-163 e a região do Tapajós. Depois, a Trevisan Construtores defendeu um novo percurso que atende as regiões Norte, Centro-Oeste e Nordeste do país.
Neste caos, a ferrovia que tem seu traçado desejado até Cuiabá, continuaria em Lucas do Rio Verde em direção à cidade de Querência (no baixo Araguaia) e seguiria a Miracema (TO), chegando ao outros estados do Nordeste.
De acordo com a proposta apresentada, o traçado representa um novo corredor de exportação, que somado à proposta de integração Leste-Oeste de Mato Grosso, promoverá a redução de 30% dos custos diretos e indiretos do transporte de carga.
São quatro os corredores utilizados atualmente. O Noroeste tem a BR-174 como sustentação e leva a produção para Porto Velho, onde os navios seguem para Itacoatiara, tendo como destino a Ásia e a Europa.
O Centro-Amazônico tem como espinha dorsal a BR-163, conhecida como Cuiabá-Santarém. Já o Nordeste tem como sustentação a BR-158 e introduz os produtos agropecuários no porto de Parauapebas. O quarto corredor é o da região Sudeste, que passa pela BR-070, com o objetivo de escoar grãos pelos portos de Santos e Paranaguá.
Entretanto, Olivier Girard afirma que apesar de o projeto ser viável depende de garantias do governo federal para sua conclusão, uma vez que, o traçado apresentado não é uma ameaça a impactos ambientais. “O suporte do governo federal é importante”, disse.
Mas por ser projetos de iniciativa privada, o governo federal não tem aceitado as propostas apresentadas até o momento. “Os estudos levam em consideração o alto custo das obras”, observou Olivier, ao afirmar que há grupos Chineses, Japoneses, Europeus e a Vale do Rio Doce, interessados, mas que exigem garantias do governo federal para aderirem aos projetos. “O percurso que apresentamos é o de menor impacto, porque desvia da Amazônia e faz a integração nacional com o Centro-Oeste num período de aproximadamente uns 30 anos”, concluiu Olivier.