Uma das barreiras que atrapalham a entrada de investimento no setor avícola é a falta de regularização fundiária. Na maioria dos projetos, quando o pequeno empreendedor ou investidor vai tomar financiamento ou cadastrar-se no sistema financeiro, não há como conceder garantias da propriedade. Essa situação, descrita pelo secretário de Desenvolvimento Rural de Mato Grosso, Clóves Vettorato, é um dos empecilhos que tem dificultado a entrada de pequenos produtores nos projetos avícolas em andamento no estado de Mato Grosso.
Esta semana, o secretário e seus auxiliares, representantes da empresa Perdigão, pequenos produtores e dirigentes do Banco do Brasil reuniram-se para nivelar informações do investimento da companhia em Mato Grosso. “A morosidade do Incra na regularização fundiária atrapalha os pequenos produtores que querem participar de projetos de investimento, é obstáculo para a inclusão deles como integrados nesses projetos da Sadia e da Perdigão”, diz o secretário.
Vettorato diz que existe alternativa de recurso para empreendimentos do tipo. Mas na apresentação de documentos pelos tomadores de financiamento, a ausência do registro da propriedade impede o avanço de negociações e assinatura de contratos. “Mesmo aqueles pequenos produtores com perfil para o negócio ficam impedidos, pois o Banco do Brasil não pode financiar os interessados porque a terra está em nome de terceiros. É uma questão jurídica”, afirma.
Segundo o secretário, há necessidade de se remover esses obstáculos e o Governo do Estado tem procurado esse caminho, mas ainda não se chegou a um modelo que contemple a vontade dos produtores de participarem dos projetos e a decisão da empresa de investir no setor. “O Governo fez o trabalho de atração do investimento, está aproximando as partes para as negociações dentro de padrões estabelecidos nos projetos. Temo que essas questões de titularidade de terra não sejam resolvidas no curto prazo”.
Investimento das duas empresas no setor em Mato Grosso vai significar aplicação de recursos da ordem de R$ 1,7 bilhão nos próximos quatro anos e gerar empregos diretos em torno de 10 mil novas vagas quando as plantas industriais, como frigoríficos e fábricas de ração, estiverem operando com capacidade plena em municípios como Nova Mutum, Lucas do Rio Verde e Campo Verde. Somente em aviários para atender a demanda serão cerca de 3 mil unidades.