segunda-feira, 6/maio/2024
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Estudo aponta que sojicultores de Sorriso tiveram maiores perdas na safra

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O preço pago ao produtor pela soja é até 30,5% menor no Centro-Oeste o que no Sul do país devido à situação das estradas, aponta pesquisa do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo (USP). O pesquisador Lucilio Rogerio Alves fez um levantamento sobre a formação do na formação do preço pago ao produtor nessas duas regiões. Segundo ele, quanto pior as condições das estradas e maior a distância entre a região produtora e os portos de Santos e Paranaguá, menos o produtor recebe pelas sacas de soja.

“Devemos bater recorde de produção de grãos. Mas as regiões mais distantes estão recebendo um valor menor do que deveriam estar recebendo comparado com as regiões mais próximas dos portos ou dos centros consumidores”, explica Alves.

O levantamento é feito no período de maior pico da colheita de soja, ou seja, no mês de março. Segundo o pesquisador, a comparação é feita entre 2007 e 2004, porque foram dois anos com aumento da produção e condições econômicas parecidas. De acordo com Alves, no Sul do país, região onde fica o Porto do Paranaguá (SC), é onde o preço pago ao produtor é melhor. Já o Centro-Oeste é a região mais atingida pela redução nos preços. “Quanto mais longe do porto menor o preço”, acrescentou o pesquisador.

Segundo o levantamento, os produtores de Sorriso (MT) são os que mais tiveram perdas em março deste ano, com redução de 30,5% no preço pago a eles. No mesmo período de 2004, as perdas chegaram a 21,8%. Outras localidades do Centro-Oeste pesquisadas são: Rondonópolis (MS), onde os produtores receberam 21,2% a menos em março deste ano, contra as perdas de 14,1%, no mesmo mês de 2004; Dourados (MS), 16,3% e 8,2%; e Rio Verde, 10,2%, e 6,7%, em 2004.

No Sul do país as perdas são: em Chapecó (SC), 10,4% neste ano e 2,2%, em 2004; em Passo Fundo , neste ano, as perdas chegam a 13,8% e, em 2004, a 3,1%. Em Ijuí (RS), são 14,6% a menos e 3,1%. “No caso do Sul, neste ano, por conta da maior oferta do produto neste ano, devido à boa safra, há uma maior concorrência por frete, que favorece a queda nas cotações”

Segundo o pesquisador, no caso de outras culturas, a influência dos problemas de infra-estrutura é menor. “O preço do milho é determinado pela oferta e demanda regional. O algodão, por exemplo, tem um alto valor agregado, sofre menos essa influência”, disse.

“O produtor faz sua parte, buscando produtividade, por meio de investimento em tecnologia. Mas o ganho que ele poderia ter acaba sendo diluindo nas etapas posteriores da cadeia e não chega ao produtor”, acrescentou Alves.

Para o pesquisador, os pequenos produtores sofrem ainda mais com essa redução nos preços por conta das estradas, porque, geralmente, a produção passa também por um intermediário ou cooperativa para ser vendida. “O pequeno produtor pode ter um impacto maior ainda. O grande produtor consegue comercializar diretamente e pode amenizar isso”, disse.

Segundo Alves, é necessário o investimento não só em estradas, mas também em ferrovias e hidrovias. “Isso pode amenizar as perdas. Não necessariamente precisamos depender de estradas. Podemos reabrir as ferrovias fechadas”, sugeriu.

A assessora técnica da Comissão Nacional de Cereais da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), Rosemeire dos Santos, confirma que um dos maiores problemas da agropecuária é com relação à falta de infra-estrutura. “Temos problemas principalmente no Centro-Oeste com relação à falta de rodovias, ou sem condições de trafego, o que acaba elevando os custos para o produtor. Os fretes normalmente nos períodos de safra têm preços superiores. Se a condições de trafegabilidade são ruins acaba se aumentando muito mais e isso diminui o preço ao produtor e reduz sua rentabilidade”, acrescentou Rosemeire.

Para a assessora técnica, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), pode ajudar a resolver o problema da falta de infra-estrutura, mas não produzirá efeitos no curto prazo. “Se o PAC for realmente implementado, não haverá efeitos para esta safra ou para a próxima, que começa a sinalizar aumento dos custos de produção, por conta da alta, nos últimos meses, nos preços de alguns defensivos e fertilizantes”, disse.

Segundo ela, os preços de insumos para a produção já chegaram a até 45% a mais neste ano. Rosemeire disse ainda que o aumento recorde da safra, como está previsto, pode trazer dificuldades logísticas ainda maiores e gerar mais pressão sobre os fretes, reduzindo, assim, os ganhos dos produtores.

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