Os desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para Mato Grosso podem retrair até 20% no ano que vem por conta dos reflexos da crise financeira internacional. Essa é a previsão do superintendente da Federação das Indústrias do Estado (Fiemt) e representante do posto avançado do BNDES em Mato Grosso, José Carlos Dorte. Segundo ele, o recuo de 20% nos desembolsos deve acontecer se forem liberadas todas as operações já aprovadas até agora e ainda surgirem novas. A situação pode ser bem pior caso nem essas já aprovadas sejam liberadas.
Essas projeções de redução no crescimento estão sendo feitas porque é esperado para o ano que vem um crédito restritivo e a retração da produção e do consumo. Mas independentemente disso, este ano, no acumulado de janeiro a outubro, o BNDES já registrou quase 100% de aumento nos desembolso em comparação ao mesmo período de 2007. Dorte informa que nos primeiros 10 meses de 2008 a instituição liberou para projetos de Mato Grosso um total de aproximadamente R$ 2,4 bilhões, contra R$ 1,2 bilhão do ano passado.
O maior destaque ficou para os Serviços Industriais de Utilidade Pública (Siup), que tiveram crescimento de 223%. Enquanto no ano passado os desembolsos do BNDES para essa área somaram R$ 208 milhões, em 2008 já foram R$ 673 milhões. O Siup inclui saneamento básico, energia e gás. Na agropecuária, os valores destinados pelo banco a projetos mato-grossenses totalizaram R$ 554 milhões este ano, ante R$ 404 milhões em 2007, o que resulta em aumento de 37%.
No setor da indústria (aqui incluídos indústria de transformação, extrativa, construção civil e Siup) o crescimento foi de 150% nos desembolsos. O valor saiu de R$ 541 milhões no passado para R$ 1,3 bilhão agora. No comércio, o aumento ficou em 83%, que é a diferença entre os 267 milhões liberados em 2007 contra os R$ 488 milhões deste ano.
O representante do posto avançado do BNDES em Mato Grosso destaca que esse valor quase 100% maior no desembolso total do banco para o Estado já era esperado. Ele diz que é normal dentro do que a região vinha apresentando de desenvolvimento. Dorte vai além e afirma que se não fossem os problemas locais de logística, os desembolsos do BNDES poderiam ser ainda o dobro do apresentado.