O dólar voltou a cair nesta segunda-feira, em reação ao cenário externo favorável e o contínuo fluxo cambial positivo, e fechou no menor patamar desde setembro de 2000. A divisa caiu 0,81% e encerrou cotada a R$ 1,843.
A recuperação das bolsas norte-americanas, que operavam em alta com notícias sobre aquisições e lucros corporativos após a forte queda de sexta-feira, contribuiu para a manutenção da tendência de baixa do dólar. A moeda norte-americana acumula baixa de 13,72% no ano em meio à contínua entrada de divisas no País.
“No mercado de câmbio brasileiro, a tendência de preço da moeda americana (no curto prazo) continua sendo de depreciação, sem sinalização de um piso”, disse Sidnei Moura Nehme, diretor-executivo da NGO Corretora.
De acordo com dados do Banco Central, o fluxo cambial para o País estava positivo em US$ 7,112 bilhões em julho até o dia 20. No mês anterior, o País teve saldo positivo recorde de US$ 16,561 bilhões.
“O fluxo de curto prazo está voltando à normalidade”, afirmou o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, sobre os dados. No mês passado, analistas apontaram operações na Bolsa de Valores de São Paulo – como o leilão da Arcelor Brasil -, captações de empresas estrangeiras no exterior e o recorde no investimento estrangeiro direto como determinantes para o desempenho.
O BC informou ainda que os bancos reduziram a posição vendida em dólar – que apostam na queda da moeda norte-americana – para US$ 5,290 bilhões no dia 20 deste mês. No final de junho, a posição vendida das instituições era de US$ 7,278 bilhões.
Segundo Lopes, as operações especulativas dos bancos diminuíram depois das medidas cambiais adotadas pelo BC em junho, quando o limite de exposição dos bancos foi reduzido.
Daniel Gorayeb, economista e analista de investimentos da corretora Spinelli, acrescenta que as posições vendidas em dólar se tornaram menos atrativas com a contínua valorização do real. “(Cerca de) dois meses atrás o dólar estava acima de R$ 2. O pessoal já está desfazendo as posições porque não tem muito mais espaço para cair”, disse.
Ele vê a possibilidade de uma diminuição da tendência de queda do dólar no longo prazo. “Ele pode até vir a chegar a R$ 1,80, mas não teria força para se manter abaixo disso… Ele deve se estabilizar na casa de R$ 1,90”, afirma, citando a progressiva desaceleração do superávit comercial.
Sidnei Nehme cita também a pressão de demanda criada por exportadores, que têm menos interesse em trocar dólares por reais a uma taxa muito baixa. “A um preço muito deprimido, os próprios exportadores reduzem a oferta esperando uma melhora, o que tende a provocar volatilidade ao longo do dia”, disse.
(Atualizada às 16h)