O dólar encerrou a sexta-feira com variação negativa de 0,08%, a R$ 2,375 reais, com o mercado dividido entre o cenário econômico positivo e a permanente cautela com o noticiário político.
Na semana, a divisa norte-americana acumula alta de 0,76%.
“A gente está sendo salvo pela economia”, comentou Alexandre Lintz, estrategista-chefe do BNP Paribas, lembrando que o cenário de liquidez favorável e deflação, entre outras variáveis, se contrapõe às preocupações políticas.
Analistas disseram que a continuidade dos ingressos de recursos, tanto de exportações quanto das recentes emissões externas, também contribuiu nas duas últimas sessões para amenizar a pressão imposta pela política.
Segundo Hideaki Iha, analista de mercado da corretora Souza Barros, “estão sobrando dólares no mercado”.
Ele acredita que, se as denúncias de corrupção não envolverem diretamente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e membros da equipe econômica, o mercado ficará um pouco mais aliviado. “Enquanto não chegar no presidente, no BC, no Ministério da Fazenda, nada assusta tanto.”
Mesmo assim, os analistas ressaltaram que a cautela dos investidores fez com que algumas tesourarias reduzissem parte de suas posições vendidas nesta tarde.
“É mais uma cobertura (de posição), proteção em torno das notícias do fim de semana”, disse o gerente de câmbio de um banco estrangeiro. “Mesmo que o cenário econômico seja positivo, a política ainda preocupa.”
Os dados de inflação divulgados nesta manhã foram bem recebidos pelo mercado, destacou o gerente, e reforçaram o otimismo em relação à economia.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mostrou deflação de 0,02% em junho, frente à alta de 0,49% em maio. A taxa do mês passado é a menor desde junho de 2003.
No front externo, o recuo dos preços do petróleo no final do dia também colaborou para aliviar o câmbio. “O petróleo, apesar de estar alto, deu uma acomodada”, apontou Iha, da Souza Barros.
Nesta sexta-feira, os contratos de petróleo em Nova York caíram mais de US$ 1.