O dólar encerrou em baixa nesta terça-feira, acompanhando a reação dos outros mercados depois de a ata do Federal Reserve, o banco central norte-americano, sugerir que o fim do ciclo de aperto monetário nos Estados Unidos está próximo.
A divisa norte-americana terminou a sessão com declínio de 0,89%, a R$ 2,117 – menor preço de fechamento desde 16 de março.
De acordo com a ata divulgada nesta tarde, os membros do Comitê Federal de Mercado Aberto concluíram na reunião de março que o banco central dos EUA está próximo de interromper o ciclo de elevação de juros no país, mas continua preocupado com os riscos inflacionários.
Depois da ata, o dólar ampliou as perdas frente a outras divisas e o rendimento dos Treasuries caiu mais. As bolsas de valores norte-americanas também subiram com mais força.
Ainda no campo externo, o declínio do risco-país contribuiu para a valorização do real nesta sessão, mas o mercado monitora atentamente o avanço dos preços de petróleo.
“Hoje quando saiu o PPI (inflação no atacado dos EUA) o mercado já começou a gostar, o núcleo veio abaixo do esperado, e aí ficou todo mundo atento à grande notícia, que seria a ata, que acabou reforçando a aposta para o término do ciclo de alta (do juro)”, comentou Júlio César Vogeler, operador de câmbio da corretora Didier Levy.
O Índice de Preços ao Produtor (PPI) dos Estados Unidos subiu 0,5% em março, enquanto o núcleo do índice avançou apenas 0,1%.
Vogeler acredita que a ata do Fed pode mudar as projeções para o corte na taxa básica de juro brasileira na reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central de maio, para redução de 1 ponto percentual. Para o encontro deste mês, que termina na quarta-feira, a aposta do mercado é de um corte de 0,75 ponto percentual.
A corretora NGO destacou em relatório que, mesmo com a redução, a taxa de juro continuaria atrativa ao investidor estrangeiro por um bom tempo.
Outra notícia positiva para o mercado brasileiro, segundo a corretora, é a conclusão da recompra de US$ 6,63 bilhões de bradies. “Esta atitude é importante para o avanço do conceito do país no mercado internacional”, explicou a NGO.
Vogeler, da Didier, lembrou que o dinheiro para a recompra sairá das reservas internacionais, o que pode reforçar as compras de dólares do Banco Central. No leilão de compra realizado nesta manhã, a autoridade monetária aceitou 10 propostas, com corte a R$ 2,132.
Swap reverso
O operador da Didier destacou que a dúvida do mercado a partir de agora é qual será a postura do Banco Central para conter a forte apreciação do real, já que as compras de moeda não são suficientes.
Nesta terça-feira, o BC realiza uma pesquisa de demanda para a possível realização de um leilão de swap cambial reverso na quarta-feira, tendo como alvo a rolagem do vencimento de swaps reversos de 2 de maio deste ano – em torno de US$ 900 milhões.
Desde o começo de março a autoridade monetária não realiza esse tipo de operação e analistas acreditam que haverá demanda do mercado para um leilão na próxima sessão. Caso haja o leilão, os detalhes serão divulgados a partir das 18h30.