O dólar encerrou em baixa nesta segunda-feira atento a ingressos de recursos, em uma sessão de poucos negócios devido à cautela dos investidores com o quadro político, que hoje teve renúncia de parlamentar e amanhã terá o depoimento de José Dirceu (PT) no Congresso.
A divisa norte-americana recuou 0,50%, para R$ 2,368.
“Hoje o mercado começou tenso por causa da política e depois foi se acalmando um pouco, mas o movimento foi muito pequeno e qualquer entrada ou saída (de recursos) fez mexer bruscamente (a cotação)”, comentou Tarcísio Rodrigues, diretor de câmbio do banco Paulista.
“Como teve entrada de exportadores e continua tendo um pouco de investidor (vendendo dólares), o mercado caiu.”
Segundo analistas, os investidores evitaram fazer grandes apostas no mercado à espera de novos passos da investigação sobre o suposto esquema de compra de votos de parlamentares pelo PT. Os investidores aguardam o depoimento do ex-ministro-chefe da Casa Civil, deputado José Dirceu, ao Conselho de Ética da Câmara nesta terça-feira e também notícias sobre o depoimento da funcionária da SMPB Simone Vasconcelos à Polícia Federal, em Brasília, nesta tarde.
A decisão do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, de renunciar ao mandato de deputado não chegou a repercutir no mercado de câmbio – que já estava praticamente fechado.
Na Bovespa, a notícia foi interpretada por operadores como sinal de que a tensão política pode começar a perder força e fez o principal índice de ações subir mais de 1%.
Membros do PL, partido que compõe a base aliada, foram acusados pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) de receber pagamento em troca de apoio ao governo no Congresso.
O gerente de câmbio de um banco nacional confirmou que “o fluxo continua positivo e derruba o dólar, mas não cai muito porque o pessoal está cauteloso com os depoimentos”.
Os dados da balança comercial também abriram espaço para a apreciação do real na segunda etapa dos negócios. Na primeira parte do dia, o avanço do rendimento pago pelos Treasuries impôs pressão e impediu que o mercado repercutisse o superávit comercial.
O superávit comercial brasileiro foi de US$ 5,011 bilhões em julho – o maior da série histórica -, com exportações recordes de US$ 11,061 bilhões.