Mato Grosso está entre os 24 estados brasileiros onde o desemprego cresceu significativamente no 2º trimestre de 2016 em relação ao mesmo período do ano passado. A taxa de desocupação registrada entre os meses de abril e junho deste ano atingiu 9,8% no Estado, a maior já registrada para um trimestre desde janeiro de 2012.
Já em relação ao 1º trimestre deste ano, a situação de desocupação se manteve, como mostra a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (Pnad Contínua), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em todo o Estado havia, ao final do 2º trimestre deste ano, 164 mil pessoas, número que levou à taxa de 9,8% considerando o público em idade de trabalhar que estava fora do mercado formal. Comparado com o 2º trimestre de 2015, o contingente de desempregados cresceu em 64 mil, com variação de 64% sobre os 100 mil desocupados no mesmo intervalo do ano passado.
A taxa de desocupação no Estado e registrada nos meses de abril, maio e junho de 2015 correspondia a 6,2% da força de trabalho, apontando o aumento de 3,6 pontos percentuais no mesmo período deste ano. No 1º trimestre de 2012, a taxa de desocupação marcou em 6,6%.
Já em relação ao 1º trimestre deste ano -quando havia 148 mil desocupados em Mato Grosso -, o universo de desempregados expandiu em 16 mil ao final de junho. A taxa de desocupação saltou de 9,1% para 9,8% nesse intervalo.
“Para Mato Grosso observa-se que a taxa de desocupação estadual não cresce significativamente, pois aumenta 0,7% do 1º para o 2º trimestre”, registra a chefe da Unidade Estadual do IBGE, Millane Chaves. A contratação de mão de obra no campo, para atender a demanda gerada com a safra de milho, pode explicar a manutenção dos postos de trabalho. “A atividade dinamiza o comércio e a prestação de serviços no Estado”.
A pesquisa do IBGE mostra que Mato Grosso apresenta situação de desemprego semelhante à do restante do país, que também registrou no 2º trimestre a maior taxa de desocupação da série histórica, iniciada em 2012, quando atingiu 7,9%. Ao final de junho de 2016, a taxa de desocupação nacional chegou a 11,3%, ante 10,9% no 1º trimestre deste ano e 8,3% no 2º trimestre de 2015.
No Centro-Oeste, a desocupação se manteve do 1º para o 2º trimestre de 2016 – em 9,7% – mas subiu em relação ao 2º trimestre de 2015 (7,4%). Na região, Mato Grosso apresentou no 2º trimestre deste ano a 3ª maior taxa de desocupação, superado pelo Distrito Federal (10,9%) e Goiás (10,2%). Em Mato Grosso do Sul, o desemprego afetava 7% da população em idade de trabalhar ao fim de junho.
Cuiabá
Na Capital e região metropolitana, a taxa de desocupação cresce com mais intensidade que no restante do Estado. Em Cuiabá, a variação foi de 1,3% do 1º trimestre (12,1%) para o 2º trimestre (13,4%). Já em relação ao 2º trimestre de 2015, quando a taxa de desocupação registrada foi de 6,6%, há aumento de 6,9 pontos percentuais. Na região metropolitana, a taxa passou de 10,8% no 1º trimestre de 2016 para 12,9% no 2º, com variação de 2,1 pontos percentuais.
Morador da Capital, João Antônio de Mirada busca uma nova oportunidade de trabalho há 7 meses. “A cada 10 dias eu vou ao Sine (Sistema Nacional de Emprego) em Cuiabá, mas até agora não consegui encaminhamento para nenhuma vaga. Busco oportunidades nas áreas de segurança ou na construção civil. Eu fui demitido porque a última empresa onde trabalhei faliu”. Quem também passou a procurar trabalho esta semana é Joaquim Augusto de Lara Pinto, que está há 5 meses sem trabalhar. “Nesse período, fiz um curso de eletricista. Procuro emprego como frentista, segurança, porteiro, o que aparecer”, desabafa.
Remuneração
O rendimento médio do trabalhador em Cuiabá caiu 7,8% no 2º trimestre deste ano, ante o mesmo intervalo do ano passado. A média registrada nos meses de abril, maio e junho de 2015 foi de R$ 2,491 mil. Em 2016, durante igual período, o rendimento não ultrapassou R$ 2,297 mil. O trabalhador ocupado na Capital no 2º trimestre de 2016 também recebeu menos que aquele contratado durante os 3 primeiros meses deste ano, quando o rendimento médio correspondia a R$ 2,392 mil. A redução no período foi de 3,9%, segundo o IBGE.
Em todo o Estado, a situação é a mesma: o trabalhador ocupado a partir de abril até junho recebeu, em média, R$ 1,962 mil mensais, ante R$ 1,922 mil mensais no 1º trimestre e R$ 2 mil mensais no 2º trimestre de 2015. Essa oscilação é resultado do ajuste no mercado de trabalho, explica a economista Luceni Grassi.
Com o aumento do custo, as empresas demitiram para equilibrar os gastos e, ao recontratar, o fazem por salários mais baixos, já que há oferta de mão de obra abundante.