Em busca de colher sugestões para aprimorar políticas públicas voltadas ao aproveitamento de resíduos sólidos das indústrias madeireiras mato-grossenses, a Câmara Setorial Temática da Assembléia Legislativa promoveu um debate, hoje, com autoridades ligadas ao assunto.
No encontro foram realizadas duas palestras. A primeira delas foi feita pelo doutor e professor do curso de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT, Walmir da Silva Moreira. Para ele, a conversão mecânica de madeiras gera grande quantidade de resíduos, que gira em torno de 60% a 65% do volume das toras processadas nas indústrias madeireiras em Mato Groso. “Existe vários mecanismos para reverter esse quadro em todo o Estado. Entre eles está a transformação dos resíduos em carvão, a da madeira em serragem e deste em briquetes, neste caso a serragem é compactada”, destacou.
Walmir Moreira explicou, ainda, da possibilidade de transformar a madeira em álcool. “É um processo viável, mas estudos realizados dão conta que a gaseificação da madeira tem um custo muito alto. O gasto à produção de álcool da madeira em relação ao álcool da cana-de-açúcar é de cinco vezes”, destacou o professor.
Além disso, Walmir Moreira afirmou que a UFMT já vem realizando estudos para o aproveitamento dos resíduos de madeiras, como por exemplo, na compactação da serragem a ser explorados pelas indústrias moveleiras de todo Estado.
Para o presidente da CST, José Lacerda, é preciso a criação leis específicas para o setor. “Não tem uma legislação especifica para atender a essa realidade. Hoje, parte das autoridades não sabe diferenciar o que são resíduos sólidos com os de produtos sólidos. Há pouco conhecimento sobre esse assunto, por isso é necessário formatar uma normativa sobre essa matéria”, destacou Lacerda.
Em outra palestra, o representante da Secretaria de Meio Ambiente, Eduardo F. Abreu, afirmou que o trabalho desenvolvido pela CST vem ao encontro das propostas sugeridas pela SEMA, no que tange aos resíduos sólidos.
Mas, destacou a necessidade de o Estado, por meio da Secretaria de Fazenda, “conceder incentivo fiscal às empresas madeireiras para a aquisição de equipamentos que possibilitem à transformação de resíduos sólidos em produtos”, observou Eduardo Abreu.
De acordo com Eduardo Abreu, outros três pontos precisam ser amplamente discutidos. O primeiro é em relação ao transporte dos resíduos. O segundo é o aproveitamento de resíduos apreendidos, ocasionados pelo desmatamento irregular. O terceiro é em referência aos incentivos fiscais às indústrias moveleiras.