O dólar terminou a sexta-feira em alta de 0,76%, a R$ 2,126, em um dia de ajuste de posições depois de seis sessões de baixa e com o foco dos investidores no cenário político.
Na quinta-feira, o declínio de 3,48% acumulado em seis sessões fez o dólar fechar no menor nível em cinco anos, a R$ 2,11, no mesmo dia em que a moeda rompeu a barreira dos R$ 2,10 pela primeira vez desde 2001.
Nesta sexta-feira, os investidores optaram por interromper a venda de dólares e ajustar suas posições, motivados pelo forte declínio da moeda norte-americana e de olho nas turbulências da cena política.
“O cenário político não é dos melhores, fez com que o mercado se ajustasse, mas não é uma indicação de tendência (de alta do dólar)”, explicou Jorge Knauer, gerente de câmbio do banco Prosper.
A apreensão do mercado está nas denúncias envolvendo o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, e a aproximação do fim de semana, quando são publicadas as revistas semanais, acaba reforçando a cautela, lembraram analistas.
Na quinta-feira, parlamentares de oposição pediram a renúncia de Palocci, depois que o caseiro Francenildo Santos Costa reafirmou à CPI dos Bingos que o ministro frequentava uma mansão em Brasília, onde supostamente teriam ocorrido festas com garotas de programa e distribuição de dinheiro obtido de forma ilícita.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse na noite de quinta e reforçou nesta sexta-feira que Palocci fica no comando da economia brasileira.
O gerente de câmbio de um banco estrangeiro, que não quis ser identificado, disse que ainda não há rumores nas mesas sobre o que poderá ser divulgado nas revistas, mas o fato de as denúncias envolverem o ministro da Fazenda deixa o mercado desconfortável.
“O foco mudou levemente para o cenário político, o Palocci é uma figura importante”, afirmou o gerente.
De acordo com o operador de câmbio da corretora Didier Levy Júlio César Vogeler, numa eventual saída de Palocci, o ministro teria que ser substítuido por alguém que agradasse o mercado e o empresariado, para evitar novas turbulências em ano de eleições presidenciais.
Outro fator que sempre impõe uma certa pressão no câmbio na parte da tarde, lembrou o gerente de câmbio do banco estrangeiro, é o leilão de compra de dólares do Banco Central.
A autoridade monetária aceitou 13 propostas na operação, com taxa de corte a R$ 2,1165. Há oito dias, porém, o BC não realiza o leilão de contratos de swap cambial reverso.
Operadores disseram que o volume de negócios foi reduzido. O dólar terminou a semana com declínio acumulado de 0,61%.