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Álcool volta a ser vantajoso em Mato Grosso aponta levantamento

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O litro do álcool registrou nova queda nos postos do país na semana passada, de acordo com pesquisa divulgada nesta segunda-feira pela ANP (Agência Nacional de Petróleo), e já retomou a vantagem sobre a gasolina em seis Estados. Na usina, no entanto, o litro do combustível ficou estável pela segunda semana.

A queda registrada pelo álcool hidratado, vendido direto na bomba, foi de 2,95% em todo o país, passando de R$ 1,695 para R$ 1,645. No Estado de São Paulo, o recuo foi de 2,58%, de R$ 1,358 para R$ 1,323. A gasolina e o gás natural têm preços estáveis nos postos de R$ 2,550 (o litro) e R$ 1,253 (o metro cúbico), respectivamente.

Na média nacional, o preço do álcool representa 64% da gasolina. No entanto, a vantagem do combustível sobre a gasolina para quem tem carro flexfuel foi retomada em apenas seis Estados: São Paulo, Goiás, Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina, sendo que nos dois últimos a vantagem ainda é pequena.

“Eu ainda acho que o álcool está muito caro, acho que tem espaço para baixar mais e a desculpa da entressafra precisa acabar”, disse José Alberto Gouveia, presidente do Sincopetro (Sindicato do Comércio de Derivado de Petróleo do Estado de São Paulo).

Segundo ele, a queda de quase 3% é reflexo das compras da semana retrasada e os postos dependem dos valores repassados pelas distribuidoras.

“Com impostos, o preço na usina está entre R$ 1,13 e R$ 1,14. Os postos que estão vendendo o combustível por esse mesmo preço, certamente estão trabalhando com álcool adulterado”, disse Gouveia.

Para ele, a entressafra deste ano pode ser pior para o bolso do consumidor do que 2005. “Já agregaram valor e o álcool está caro. Com a entressafra, a partir de novembro, o preço pode aumentar ainda mais e pode ser pior para o consumidor”, disse Gouveia, que defende a estocagem do produto.

Para o vice-presidente executivo do Sindicom (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustível e Lubrificantes), Aloísio Vaz, as vendas do álcool caíram muito e estão retomando lentamente e, com o litro comercializado na usina na faixa de R$ 0,84, o combustível não fica tão competitivo em relação à gasolina como no ano passado.

Para Vaz, o preço do álcool ainda é caro para as distribuidoras e não oferece margem de lucro. Para ele, há fraude praticada por algumas distribuidoras e sonegação fiscal, principalmente nos postos de São Paulo. “O álcool, a R$ 1,32, está artificialmente barato e acreditamos haver parcela significativa sonegando cerca de R$ 0,15, que equivalem aos impostos pagos por um litro nesse preço, o que é inaceitável.”

Usina

Nas usinas, o preço do álcool ficou estável pela segunda semana consecutiva, com o litro do hidratado sendo comercializado a R$ 0,842. O anidro, que é misturado à gasolina, está R$ 0,962 na usina.

Da metade de março até a terceira semana de maio o álcool apresentou queda no preço na usina, segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq-USP.

Nos últimos dois meses, com o início antecipado da safra de cana, os preços do álcool hidratado nas usinas paulistas caíram 32,1%, segundo o Cepea. De R$ 1,241 na semana de 6 a 19 de março, o preço do litro, sem impostos, passou para R$ 0,842 na última.

Para Antonio de Pádua Rodrigues, diretor técnico da Única (União da Agroindústria Canavieira de São Paulo), a estabilidade do preço era esperada e o preço do álcool chegou a um ponto de equilíbrio.

Para Pádua, se o preço continuar com essa estabilidade, o mercado não retomará toda a sua capacidade de consumo, mas o preço na entressafra não sofrerá altas como no último ano.

São Paulo, Goiás, Mato Grosso e Paraná, onde o álcool retomou a vantagem de forma mais competitiva, representam 67% do consumo do combustível no país, de acordo com Pádua. “O que vai garantir a estabilidade na entressafra é um queda não muito violenta agora. Se o preço cair muito, haverá uma pressão de demanda, um aumento no consumo e, quando chegar a entressafra, o preço tem uma alta mais significativa”.

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