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Agronegócio do PR investe em sofisticação para competir com Mato Grosso

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As cooperativas e o governo do Paraná, principal produtor de grãos do Brasil, estão ampliando esforços na industrialização e diversificação da produção agropecuária para incrementar o negócio, hoje fortemente baseado na exportação de soja e milho.

O objetivo está sendo traçado diante de uma eventual perda de competitividade da produção paranaense para o Mato Grosso e outros Estados do Centro-Oeste num futuro próximo, quando o escoamento das commodities tiver melhores e mais baratas condições logísticas pelo Norte/Nordeste.

“Estamos estimulando a entrada das cooperativas no processo de agregação de valor, para colocarem produtos acabados em prateleiras, nos mercados interno e externo… Temos que sofisticar a nossa produção. Porque a tendência das commodities é se descolocar para o Centro-Oeste, Norte do país”, disse à Reuters o presidente executivo da Ocepar (Organização das Cooperativas do Paraná), João Paulo Koslovski.

“Na hora que aquilo (o Centro-Oeste) estiver estruturado em termos de portos, ferrovias e hidrovias, vamos perder competitividade, porque eles estão mais perto do mercado”, acrescentou ele, lembrando que espera para o final desta década a conclusão da Ferronorte, que propiciará um caminho mais curto e barato para a exportação de grãos à Europa.

Nesse processo de agroindustrialização, segundo Koslovski, devem ser investidos neste ano pelas cooperativas cerca de 800 milhões de reais, a maior parte no setor de carnes, principalmente em aves e suínos.

Ao comentar a necessidade de diversificação de produção agrícola e agregação de valor, o secretário da Agricultura paranaense, Valter Bianchini, ressaltou a necessidade de mudança de foco também com vistas no potencial de Mato Grosso, que já tirou a liderança do Paraná na soja há alguns anos e pode fazer o mesmo com o milho.

“Para o Paraná é mais importante ainda… Talvez para o Centro-Oeste, a escala de produção ainda pode dar competitividade ao longo do tempo. Aqui não. Noventa por cento das áreas têm módulos abaixo de 50 hectares. Para nós, é uma questão de sobrevivência agregar mais renda”, declarou o secretário, que deve dar atenção especial à agricultura familiar.

Ex-secretário nacional de Agricultura Familiar no primeiro mandato do presidente Lula, Bianchini, que é petista, foi chamado ao cargo pelo governador Roberto Requião justamente para aprimorar as políticas direcionadas aos pequenos agricultores, em áreas que ainda não têm importância tão grande quanto os grãos no setor, como a cafeicultura, fruticultura, ovinocaprinocultura e laticínios.

O secretário lembrou que dessa forma, a soja e o milho, que hoje têm grande parcela no Valor Bruto da Produção (VBP) do Estado, tenderiam a cair em participação, com a expansão de outras atividades. A diversificação, apoiada pelo governo, também deixaria o setor menos sujeito a crises de preços como as verificadas em 2005 e 2006.

Com a previsão de safra recorde de soja e uma produção de milho próxima das melhores marcas já obtidas no Estado, o VBP deve dar um salto de cerca de 4 bilhões de reais em 2006/07, para cerca de 29 bilhões de reais. Só VBP da soja deve aumentar para 5,9 bilhões de reais, alta de 60 por cento ante a temporada passada.

O governador promete não poupar esforços para incentivar os pequenos produtores do setor. “O Paraná vai investir o que precisar”, disse em entrevista à Reuters na terça-feira.

PROCESSO AVANÇA

Esse processo de sofisticação da produção agropecuária já se desenvolve no Estado, segundo o presidente da Ocepar, destacando que algumas cooperativas já estão com 60 a 70 por cento de produtos industrializados.

Ele citou que algumas cooperativas já fazem um bom trabalho na área de fruticultura e algumas já começam a explorar nichos de soja orgânica ou convencional.

“Nos últimos três anos, as cooperativas abriram mercados interessantes. Por exemplo: Cocamar abriu um mercado no Japão para o suco em caixinha. A Frimesa abriu mercado de queijo para a Coréia e Japão. Temos uma gama de 40 produtos que estamos exportando para mais de 70 países”, disse Koslovski, que preside a Ocepar desde 1996.

Mas, segundo ele, há muito o que crescer no mercado externo, que em 2006 representou 850 milhões de dólares para as cooperativas. Há dois anos, antes da crise, o faturamento chegou a 1 bilhão de dólares. A receita total do setor cooperativista, que responde por 16,5 por cento do PIB do Estado, chegou a 3,8 bilhões de reais no ano passado.

Para o executivo, devem ser seguidos exemplos como o da cooperativa LAR, de Medianeiro, que recebe o tempero nos padrões japoneses, industrializa e exporta a carne temperada.

“Temos um planejamento estratégico de ampliar a agroindustrialização de 35 por cento para 50 por cento em 2010”, revelou.

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