O maestro Leandro Carvalho foi apontado como um dos dez artistas de maior importância na música clássica da década. O responsável pela indicação foi o Anuário Viva Música 2008, periódico editado anualmente pela revista de mesmo nome, especializado em música clássica e considerado a mais importante publicação do setor.
Na lista, estão nomes como os dos maestros Roberto Minczuk, Isaac Karabtchevsky e John Neschling, atual regente da Orquestra Sinfônica de São Paulo, a maior do país. Também presentes, Alex Klein, ganhador de um prêmio Grammy em 2002, o pianista Nelson Freire e o violoncelista Antonio Meneses, considerado um dos maiores do mundo.
Aos 32 anos, Leandro é o mais jovem músico na lista que conta com artistas de carreiras já consolidadas e bem conhecidas do público e da mídia, e o único a residir e a desenvolver suas atividades fora dos grandes centros. Expandindo as fronteiras da música erudita no interior do país, num Estado mais conhecido pela produção agropecuária e pelos problemas ambientais, o trabalho do maestro a frente da Orquestra do Estado de Mato Grosso contribuiu decididamente para esta indicação. O que faz da experiência de Leandro Carvalho algo único no país é a soma de empreendedorismo e sensibilidade na formação de um grupo de músicos profissionais de diversas origens, dispostos a investir no projeto da consolidação de uma Orquestra com alto nível técnico e artístico, comprometida com a transformação social e a valorização das referências culturais da região.
Desde 2005, músicos estrangeiros e brasileiros de vários estados, com ampla experiência profissional, mudaram-se para Cuiabá acreditando na possibilidade de uma Orquestra que valorizasse a cultura mato-grossense em diálogo com a música universal e que oferecesse boas condições de trabalho. O resultado é um grupo singular, com repertório e timbres únicos, que inclui um “naipe” de violas de cocho, sendo a única Orquestra do país a incluir instrumentos populares em seu instrumental permanente. A Orquestra se engaja de forma bem sucedida na busca da criação de uma “arte erudita” baseada na cultura popular, e angaria, a cada concerto, uma enorme legião de aficcionados. Pessoas de todas as idades e classes sociais frequentam os concertos da Orquestra, que em 2007 apresentou-se para mais de 150.000 pessoas.
O reconhecimento do anuário Viva Música coroa um trabalho iniciado em 2003, com o fim dos estudos de regência de Leandro em Utrecht, na Holanda, e sua decisão por fixar-se em Mato Grosso. Em 2005, participou da criação da Orquestra do Estado que até o fim de 2008 contabilizará 326 apresentações, entre concertos oficiais, didáticos, populares e turnês pelo país. Também se destacaram os concertos realizados em 2006 no Festival de Música Barroca Misiones de Chiquito, na Bolívia, considerado o maior festival de música barroca do mundo, e a gravação de 04 DVDs, entre eles um a convite do Instituto Itaú Cultural, em São Paulo.
Violonista de sucesso, com uma carreira já consolidada que incluí nove CDs gravados, com destaque para as parcerias com os mestres Baden Powell e Turíbio Santos e também para os concertos no Brasil e no exterior, como o concerto realizado em 2002, no Royal Festival Hall, em Londres, Leandro poderia se conformar em ser um virtuose do violão. Mudou de rumo e apostou no sonho de que é possível desenvolver ações consistentes mesmo distante do centro do mercado musical brasileiro.
O trabalho da Orquestra está estruturado com foco na democratização do acesso à cultura, porém sem que este direcionamento signifique perda da qualidade técnica e artística ou da seleção de um repertório interessante e significativo no universo musical universal. A programação artística, de acordo com Leandro “busca um repertório criativo, que apresente para as pessoas novos compositores e fomente o encontro do universo da música clássica, principalmente aquela de tradição européia, com a “cultura popular” brasileira e, também, sul-americana”.
Logo que chegou à Mato Grosso, Leandro criou o Projeto Ciranda – Música e Cidadania, uma instituição sem fins lucrativos que utiliza a música como ferramenta de inclusão social. O Projeto cresceu e conquistou seu espaço nestes últimos quatro anos. Milhares de jovens já passaram pelo Projeto e mesmo que não tenham se tornado músicos profissionais, a experiência e as qualidades desenvolvidas no aprendizado musical garantem a esses alunos qualidades essenciais para o sucesso profissional em qualquer setor. Todos os músicos contratados pela Orquestra do Estado ensinam gratuitamente no Projeto Ciranda, trazendo um conteúdo especial para jovens talentosos que poderão ter na música um novo horizonte.
Em parceria com o BNDES, o Anuário Viva Música é distribuído para as principais instituições culturais do mundo. Todos os textos são traduzidos para a língua inglesa. O reconhecimento do Viva Música vem num momento importante para a Orquestra do Estado de Mato Grosso que, em 2008, deverá realizar 142 concertos, sendo que 90 deles fora do estado, em duas turnês pelo país. Será uma oportunidade para apresentar o Estado de Mato Grosso de uma outra forma, revelando para a população brasileira sua capacidade criativa e as transformações sociais que vem passando na última década.