quinta-feira, 28/março/2024
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Povo que atrapalha

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No século passado, eu estava numa cidadezinha suiça, vizinha de Winterthur, numa noite chuvosa, e me surpreendi com uma reunião da câmara de vereadores, para decidir temas do interesse da comunidade. A população tinha saído de casa para participar ativamente da reunião. Fiquei imaginando que, na democracia suíça, havia um modelo que jamais alcançaríamos. 

Pois não é que agora, no interior de Pernambuco, em São Bento do Una, existe uma democracia suíça. Os eleitores, cidadãos, contribuintes, acompanham, à noite, as reuniões semanais dos vereadores. Fazem sacrifícios;  vem por estradas de terra; voltam à noite, mas acompanham seus mandatários, como mandantes que são. Nenhum vereador consegue contrabandear interesse pessoal diante da fiscalização presente, atenta, de seu mandante. Democracia posta em pratica, exemplar. 

Constrangida ante a presença dos patrões, a direção da Câmara quer, agora, mudar o horário das reuniões. Passando para a parte da manhã, evitam os vereadores a incômoda presença dos patrões, que estão a trabalhar no turno matinal e só podem acompanhá-los à noite. Vergonha! Enquanto a população da exemplo de cidadania e democracia, os sem-vergonhas querem fugir de seus compromissos: querem tratar de seus próprios interesses, tal como acontece nas assembléias legislativas, na câmara federal e no senado. Como acontece com muitos prefeitos, governadores e ate com o presidente da república, que fica a mercê de seus compromissos partidários.

Em São Bento do Una, como mostrou o Bom Dia Brasil, a população dá exemplo de como deve ser a democracia e os políticos dão exemplo de como não deve ser. 

Vereadores de lá não são diferentes de deputados e senadores, de muitos prefeitos, governadores, e de muitas situações de que se defronta o presidente da república. 

Para mudar o horário das reuniões da Câmara e evitar o povo, inventaram a desculpa de que estão gastando muita energia elétrica. Ora, nunca se viu legisladores preocupados com excesso de gastos: muito pelo contrario. Ainda bem que são burros. Pensam que somos imbecis e se revelam facilmente em sua falta de moralidade – a moralidade que é exigida pelo artigo 37 da Constituição.

Uma democracia não pode existir apenas no momento do voto e depois se extinguir. Como demonstra a população de São Bento do Una, a democracia permanece pela fiscalização dos representantes por parte dos representados. Vereadores, deputados, senadores, prefeitos, governadores, presidente, não estão acima do povo, mas abaixo dele. São servidores, mandatários. Os eleitores e contribuintes são os mandantes, porque os nomeiam pelo voto e os sustentam pelos impostos. Se ficam acima do povo, é aristocracia e não democracia.  São uma casta nojenta que pensa que povo só é bom na hora do voto: depois, atrapalha.

 

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