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Pintos no lixo

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Os arruaceiros, na data máxima do Brasil, jogaram uma pá-de-cal no despertar do gigante adormecido. Com medo, ele foi para baixo da cama. Arruaceiros mascarados atrapalharam os desfiles militares, assustaram as famílias que foram assistir às paradas e afugentaram a cidadania democrática que iria exercer o direito constitucional de se reunir sem armas. Enxotaram das ruas os que iriam exercer a mais autêntica das participações numa democracia: o direito de criticar, de apontar os erros e de protestar. Bem-aventurado o chefe – de governo ou não – que tem críticos. Porque a crítica é o que evita erros e estimula correções. Os arruaceiros parecem estar a serviço da arrogância que não suporta críticas nem protestos, com o monopólio da verdade.

Não podem ser chamados de vândalos. O povo que deu origem ao adjetivo por ter saqueado Roma, não cobria o rosto em ato covarde. Mostrava com coragem a cara para os romanos. Aqui, não podem ser sequer chamados de manifestantes. Porque quem cobre o rosto para arrombar caixa bancário ou para roubar loja, não se chama manifestante, mas assaltante. E como tal deve ser tratado. Uma máscara pode ter um simbolismo importante e não quer dizer necessariamente que o mascarado esteja mal-intencionado. Mas o rosto descoberto é bem mais expressivo da indignação cidadã, como foram os cara-pintadas de verde-e-amarelo que ajudaram a tirar Collor.
Aqui em Brasília, no Sete de Setembro, tentaram invadir a Globo. O primeiro que entrou, levou um tabefe do segurança e saiu ganindo como um cachorro com o rabo no meio das pernas. Os outros, com a mesma coragem, não repetiram a tentativa. Limitaram-se a jogar pedras, de longe, danificando automóveis de repórteres que estavam cobrindo o jogo da seleção brasileira. Depois, quebraram os vidros de um restaurante vegetariano adventista vizinho, que realiza ações beneficentes. Tudo sem objetivo outro que não tenha sido o de destruir. Seria nihilismo, se soubessem o que é isso. Ou anarquismo, que certamente tampouco sabem de que se trata.

Por cidades brasileiras realizaram ataques fortuitos e gratuitos semelhantes. Vi imagens de quando passavam por uma modesta residência e jogaram paus para quebrar as janelas da casa, talvez porque, na cabeçorra coletiva deles, ali morasse uma família de pequenos burgueses. Quebraram paradas de ônibus e relógios publicos. A ação mais constante e que mais os marcou, como característica desses grupos em toda a parte, foi sobre lixeiras. Por toda a parte, as lixeiras eram a meta deles. Talvez tivessem alguma afinidade com elas, como pintos no lixo

 

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