A presidente Dilma, um dia depois de receber o presidente de seu país de origem, a Bulgária, recebeu o presidente da Bolívia. Presidentes da letra B, como Dilma. Só coincidência, mas irônico que aqui no Brasil não tenhamos nunca plano A que dê certo. Caímos sempre no plano B, porque não planejando, acabamos improvisando e não alcançamos a primeira letra do alfabeto na qualificação dos países; ficamos sempre com papel secundário. Nélson Rodrigues escreveu, certa vez, que temos complexo de vira-latas. E como tal agimos, como cidadãos e como eleitores. Estamos à espera de salvadores e não nos damos conta de que só quem pode se salvar de nós somos nós mesmos. Agora estamos em plena criação de mosquitos, para que nossos bebês já nasçam com cérebro encolhido. Os Estados Unidos soaram o alarme nacional em um caso, o primeiro. Aqui, já passamos de 4 mil e ainda nada resolvemos. Deve ser o tal complexo.
Em nenhum país do mundo se precisa provar o óbvio. O que é evidente, nem precisa de prova. Mas por aqui a gente ainda duvida se Lula é o dono de fato do sítio que ele costumava visitar a cada duas semanas, desde que deixou a presidência. A última vez para festejar a entrada do ano de 2016. 111 visitas, registradas na segurança da Presidência da República – um serviço a que ex-presidentes têm direito. Os caminhões com a mudança dele, as pescarias com Zeca do PT, as obras feitas pela Odebrecht para deixar o lazer lulista nos trinques, tudo é invenção da imprensa de dois bês: burguesa e branca. No triplex de Guarujá, com reforma e elevador privativo entregues à família pessoalmente pelo dono da OAS, a explicação é de que é apenas um castelo de areia inventado por coxinhas que não podem ver operário na cobertura, no dizer do advogado de Lula, Nilo Batista. E nós, vira-latas, assistimos calados, rabo entre as pernas, acreditando que em briga de dog-alemão, cachorro pequeno não se mete.
Bendita Alemanha, que na Copa empurrou nossa seleção para a divisão B, pois se tivéssemos chegado em primeiro, talvez até a lava-jato ficasse no escanteio, tal como hoje temos o carnaval para esquecer os juros, o endividamento, a inflação e a gigantesca corrupção(as marchinhas são a única esperança). Vamos ter as Olimpíadas, já com a previsão de que não vai ter mosquito em agosto e, quem sabe, nem assalto, nem água poluída para vela e remo. Adoramos uma ilusão do tipo “me engana que eu gosto”. Principalmente em campanha eleitoral. Agora mesmo acabo de ler na Folha de S.Paulo o marqueteiro Nizan Guanaes afirmando: “Na olimpíada, o importante é vencer no marketing.” É isso, pode-se perder tudo, desde que o marketing finja que foi vitória.
A presidente do B está tão viciada nisso, que governa em gestos de marketing. Para combater o mosquito, fez uma reunião segunda-feira em torno daquela mesa faraônica com mais gente que a reunião decisiva sobre o Zika em torno da modesta mesa da chefe da Organização Mundial de Saúde. Além do mosquito, a crise pegou a indústria, o comércio, os serviços e a principal consequência é o desemprego. E a explicação unânime como causa é a falta de credibilidade do governo e sua inoperância. O governo insiste em nos considerar realmente vira-latas ao repetir, como ladainha, que a crise é mundial, que a insegurança que nos oprime é mundial, que o ensino e a saúde vão bem. Não é assim no Chile,na Colômbia, no Peru, no Uruguai, nossos prósperos vizinhos sul-americanos que não são do B, de bolivariano.