Há pouco, Lula visitou a galáxia dos seres de olhos azuis e pele branca e no Planeta G-20 recebeu superpoderes e voltou turbinado, vitaminado, potencializado. Antes, levava meses para demitir um ministro, ou se livrar de um simples presidente da ANAC, mesmo com o caos aéreo comendo solto. Levou meses para tirar a Benedita, enquanto ela se derretia em denúncias de mau uso dos cartões em eventos religiosos no exterior; demorou séculos para substituir o seu Ministro das Cidades, Olívio Dutra; manteve a indecisão por milênios com o Ministro da Defesa; não atendia mas dizia que prestigiava a Ministra Marina Silva, fritando-a em óleo de pirarucu; esperou que Cristovam estivesse longe, em Paris, para demiti-lo por telefone do Ministério da Educação; permitiu que o Ministro dos Transportes, Anderson Adauto só saísse porque se candidatou, não por causa de denúncias do mensalão. José Dirceu e Luís Gushiken deixaram o governo para não atrapalhar o presidente. Se não quisessem sair, quem sabe estariam lá até hoje.
Mas agora, depois de voltar do Planeta G-20, o Presidente levou apenas algumas horas para tirar o presidente do Banco do Brasil. Gritou a palavra mágica Obamaaa! E se transformou no super-herói O Cara. Aí, tirou o presidente do BB e nomeou outro imediatamente. E deu a lição: o Banco do Brasil não é um banco comercial, como vinham todos pensando nos últimos anos; é um banco social, como a Caixa Econômica. Serve para ajudar o Banco Central a pôr em prática a política monetária; serve para baixar os juros e não para estabilizá-lo nas alturas, acompanhando os outros bancos. O BB ganhou 9 bilhões no ano passado e O Cara deve ter imaginado que isso é para o Bradesco, para o Unibanco-Itaú, mas não para o banco do governo.
De fato, há anos, essa era a missão do BB: emprestar a baixos juros, não se importar com captação, financiar as atividades da indústria e da agropecuária. Chegava a exercer função de agência federal, comprando e subsidiando trigo, para estimular o plantio nacional. Nos últimos vinte anos é que se transformou num banco comercial, concorrendo com a rede bancária privada. Agora O Cara resolveu que é preciso usar o banco cujo capital é dominado pela União, para puxar os juros para baixo. O inimigo nº1 do nosso herói é o Doutor Spread, que num laboratório cavernoso, mistura juro pago aos aplicadores com o juro cobrado dos tomadores, e obtém uma larga diferença, que O Cara considera injusta.
Quem assistiu à desenvoltura com que O Cara se livrou o presidente do BB e deu o sinal da mudança, fica agora na esperança de que o grito mágico de Obamaaa! se repita para consertar a falta de equipamento e médicos dos hospitais públicos; para que as BRs esburacadas sejam refeitas; que nosso herói seja implacável com a corrupção; que dê a mais absoluta prioridade à Educação, que é a forma mais certa de dar liberdade ao povo escravo da cesta básica; que ajude a polícia a combater os criminosos e que, nesse espírito que vigora na galáxia que ele visitou, consiga baixar sobre Pindorama o espírito das leis. Mesmo porque o super-herói sempre triunfa no fim.