PUBLICIDADE

O terremoto brasileiro

PUBLICIDADE

 O terremoto que atingiu o Chile teve uma potência 900 vezes superior ao do Haiti. Mas no Haiti houve quase 300 mil mortos e no Chile não chegou a mil. Terremotos são imprevisíveis, mas o que fez a diferença foi a preparação, a prevenção, a organização. Aqui, chuvas de verão na região sudeste são previsíveis. Mas nesta estação já mataram cerca de 200 pessoas. Repetem-se todos os anos desabamentos de  morros, casas, estradas, pontes. Neste momento, o trânsito na principal rodovia que une São Paulo a Minas está interrompido, porque um viaduto ameaça desabar por causa da chuva. O nosso terremoto é a nossa bagunça, o nosso desprezo pela palavra ordem, escrita na nossa bandeira. E a falta de liberdade por falta de conhecimento.

A principal riqueza de um país são seus cérebros. Perdemos um tesouro: o empresário José Mindlin, conhecido pelo seu amor aos livros. Um abençoado, se forem aplicados estes versos do poema de Castro Alves:  “Oh, abençoado o que semeia livros; livros às mancheias; e manda o povo pensar”. Parece proposital, no entanto, que os livros sejam mantidos longe do povo. Uma das imagens que me impressionou do terremoto do Chile, foi o interior de uma casa atingida, pai operário e filho juntando do chão pedaços do teto e, ao lado deles, uma estante cheia de livros. Em quantos lares brasileiros se encontra a presença iluminada de uma prateleira de livros?
O livro ensina a ler, a escrever, a conversar, a se comunicar. Ensina a pensar. Dá conhecimento. E quem tem conhecimento tem liberdade. “A verdade vos libertará”,  diz o Novo Testamento. A quem interessa um povo escravo do populismo, da demagogia, do engodo, da mentira, da ignorância? A quem interessa um povo com saber, conhecimento, que pensa por si? Perguntas bem apropriadas em ano eleitoral. Se o presidente visita os mais antigos ditadores do mundo horas depois de morto um prisioneiro político e diz que nada reclamou porque não se mete em assuntos de outros países, o cidadão livre logo perguntará: e em Honduras, não se meteu?

Se o presidente apoia um diversionismo-padrão da Senhora Kirchner, na questão das Malvinas/Falklands, e diz que um país europeu não pode ter colônia no mundo de hoje, o cidadão livre logo perguntará: “Bem, as Malvinas estão a 600 quilômetros do continente sul-americano, mas tudo bem; no entanto ali na fronteira com o Amapá, está uma imensa colônia francesa e o presidente nada diz a Sarkozy, além de prometer comprar aviões da potência colonial.” Se na Cuba dos Castros o presidente do Brasil alega que precisavam protocolar uma carta para ele saber se há greve de fome do prisioneiro político, o cidadão livre perguntará: “Mas então não está funcionando o serviço de informações da Presidência da República, para deixar o presidente a par dos fatos do país que vai visitar?” Não temos terremotos, mas, em compensação, falta a luz que não vem das lâmpadas.

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Mais notícias
Relacionadas

Os sons da praça

Nesses agitados dias, a Praça dos Três Poderes foi...

História e farsa

A História do Brasil se encaixa bem no pensamento...

País de surpresas

No Brasil os acontecimentos conseguem andar mais rápido que...

Na nossa cara

Quem chegou ao Brasil pelo aeroporto de Guarulhos na...
PUBLICIDADE