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Nunca antes

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Um dos maiores especialistas de mercado, um experiente paulista, me dizia que a data decisiva para a economia virá depois da próxima semana: a votação do processo de impedimento da presidente Dilma na Câmara Federal. Está confiante que vai haver autorização para o Senado julgá-la por crime de responsabilidade e que, em consequência, o dólar vai cair, as ações vão subir e, por entusiasmo, haverá ares novos que vão reverter a recessão. Como jornalista tem que ser cético, ponderei a ele que se isso não acontecer, o país vai ter que adiar o sonho para depois de 2018.

O governo do PT luta com todas as armas – ameaças e muito dinheiro público – para não perder o poder, que garante 100 mil cargos e dá tranquilidade para que investigações como a da lava-jato não se generalizem. Se conseguir, com isso, impedir que haja no mínimo 342 votos entre 513 deputados – e isso não é difícil, basta estimular a ausência – ,  o PT terá uma Vitória de Pirro. A presidente não vai governar, já que não há milagre que possa promover nela uma transformação radical; ela vai continuar cometendo erros para encobrir outros, e vai afundar, levando com ela o PT e os partidos que a apoiam. O pior é que vai levar também o país de todos. 

Ainda há pouco  a presidente deu uma demonstração disso, tentando jogar uma pá de cal sobre a Petrobras, já tão combalida pela corrupção que ajudou tantas eleições. Queria que a empresa reduzisse o preço dos combustíveis, como medida populista para tentar reverter os 82% de desaprovação de sua forma de governar. Ainda bem que o Conselho de Administração da Petrobrás reagiu. Uma reação que não houve quando fizeram a desastrada compra da Refinaria de Pasadena, quando a Ministra Dilma presidia o Conselho.

Se o Congresso aprovar o impedimento, ou se ela renunciar, como às vezes menciona em acessos de raiva, isso vai significar uma retirada estratégica do PT, para evitar sua destruição. O partido volta a fazer oposição – que é o que melhor sabe – e ainda se apresentar como vítima da elite branca. Pode perder feio as eleições municipais deste ano, como já está decretado pelos fatos, mas até 2018 consegue convencer muita gente – com base no fato de que o sucessor, seja quem for, não terá conseguido ainda reverter uma situação de terra arrasada deixada pelo governo Dilma. E aí Lula aparece como o novo messias. Será que o eleitor terá aprendido, com tudo o que viu, como nunca antes na história deste país?

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