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Nós, os hominídeos

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Um estudo recém publicado sobre chimpanzés, feito pelo departamento de antropologia da Universidade de Michigan, Estados Unidos, mostra muitas semelhanças entre nós e nossos primos macacos. Os chimpanzés matam uns aos outros. Matam seus vizinhos. Matam para ampliar território, matam para ter mais acesso a alimentos e mais fêmeas. Atacam em grupos e depois de eliminado o outro grupo, ocupam o território e desfrutam dos alimentos do território conquistado. Os chimpanzés, como se sabe, são os hominídeos mais próximos de nós. Para se situarem, o chimpanzé mais conhecido é a "chita" do Tarzan(pelo menos para os da minha idade…).

Nós fazemos parecido: guerreamos, matamos, buscamos riquezas e alimentos e ficamos com o botim – sejam fêmeas ou obras de arte. Museus como o do Vaticano, o Louvre e a National Gallery de Londres, são depositários de riquezas artísticas do Egito, da Grécia, do Oriente Médio. Guerras recentes no Iraque, Irã, Afeganistão, provavelmente tem o petróleo no fundo – o trocadilho é proposital. Parece que podemos estabelecer a distância entre nós e os demais hominídeos por essas atitudes. Alguns estão mais próximos dos chimpanzés, outros mais distantes.
Nossas semelhanças com os outros animais vão além. Pesquisas de DNA mostraram que chegamos a ter mais 90% de genoma em comum com os ratos. Também aí não há surpresa: temos tanta ratazana entre nós! Gente que furta dinheiro do povo com atitude mais condenável que a que um rato levando queijo. Porque o rato leva por instinto; a ratazana humana rouba usando a inteligência, sabendo que faz mal; que fará mal a milhares que ficam sem recursos para a saúde, educação, saneamento básico. Ratos humanos desviam verbas públicas para prevenir enchentes sabendo que um dia podem desabrigar milhares e matar dezenas.

É de entristecer a constatação de que levamos milhões de anos para chegar ao estágio bípede, que contrapõe o polegar aos demais dedos, que usa a inteligência para fazer julgamentos, que desenvolveu a filosofia e a psicologia para conhecer a si próprio, e ainda estejamos a agir como macacos e ratos. Entre nós, temos pessoas, ratos, chimpanzés. Quem vai prevalecer? Sobrevivemos às cavernas, construindo armas para compensar nossa inferioridade com animais mais fortes e nos protegendo das intempéries e aprendendo a plantar alimento. Depois sobrevivemos às lutas tribais; aprendemos a construir, passamos a ouvir pensadores. Nos organizamos como nação, criamos o estado, descobrimos a democracia. Mas depois veio a escuridão. Religião e poder juntos, oprimindo a maioria. Veio a Declaração de Direitos de 1669; a Revolução Francesa 90 anos depois e nos impomos conceitos de liberdade, deveres e direitos, recuperando o que perdêramos dos gregos.

Mas tivemos matanças, muitas. Religiosas, econômicas, ideológicas, e as temos até hoje. No Brasil, matanças por atacado. Em média, 137 homicídios por dia. Temos muitos chimpanzés entre nós. Furtos, roubos, mentiras, engodos, falsidades institucionalizadas – também muitas ratazanas convivem conosco. Às vezes parece que ainda não aprendemos a pensar, porque agimos como tribo, enlouquecidamente – nos mobilizamos para o futebol mas esquecemos do que decide o futuro de nossos filhos e netos. Aí, parecemos o primo que ri muito, grita bastante e faz macaquices inconsequentes.

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