PUBLICIDADE

Mãos no nosso bolso

PUBLICIDADE

O Fantástico desse domingo mostrou uma história fantástica sobre a facilidade com que um casal, no Rio Grande do Norte, meteu a mão no dinheiro do povo, com a cumplicidade de dois desembargadores, presidentes do Tribunal de Justiça. Com o esquema, que durou quatro anos, Carla e George compraram uma casa com piscina aquecida à beira-mar, um Mercedes de 650 mil reais, celulares de 15 mil reais, iguais aos usados por Madonna e David Beckham. Na soma, compraram seis carros caros, três casas, um apartamento e dois terrenos. Os dois torraram dinheiro em viagens para a Europa, se hospedando em hotéis do nível do Plaza Athénée, em Paris.

De onde veio todo esse dinheiro? Do seu trabalho, caro leitor, cara leitora, e do meu. Nós estamos na ponta, na origem disso tudo, trabalhando, suando, pagando impostos. No meio do caminho havia precatórios. Dinheiro depositado na Justiça. E Carla diz dominar o sistema de precatórios e é funcionária do Tribunal de Justiça. Formada em Direito, Administração e Economia, ela fora convidada pelo presidente do Tribunal para cuidar dos precatórios que muita gente tem a receber. Um dia, ela encontrou um precatório de um milhão e meio de reais sem solução para ser pago. Ela conta que perguntou ao Presidente o que fazer e que ele teria argumentado que “se o dinheiro não tem dono, o que a gente pode fazer para trabalhar o dinheiro?” Aí ela arranjou laranjas e começou o saque. O presidente assinava a autorização, ela retirava no banco e dividia com ele. Quando terminou o mandato de um presidente, entrou outro que aderiu à falcatrua.

Depois, descobriram que poderiam alterar valores de pagamento. A funcionária que fazia os cálculos recebeu propina para converter, por exemplo, 30 mil em um milhão e meio. Quando foram descobertos e depois de tudo investigado, um juiz decretou prisão domiciliar do casal – na mansão à beira-mar – e os desembargadores foram afastados, mas têm foro especial e negam tudo. Será que ao fim de tudo haverá punição e devolução do dinheiro do público? Os tais precatórios têm gerado muitos escândalos mas a memória não registra gente na cadeia por causa disso. E o que aconteceu em Natal, dá para imaginar que é apenas a ponta do iceberg. Que sabe o que se está desviando neste exato momento?

O que impressiona é a adesão de presidentes de tribunal, funcionárias, e a tranquilidade com que o casal gastou o dinheiro, sem se importar com os sinais exteriores de riqueza, que são um indício muito claro de que alguém está gastando muito além do seu salário no serviço público. E aí, a gente recorda a manifestação da corregedora do Conselho Nacional de Justiça, ministra Eliana Calmon, de que há bandidos escondidos sob a toga. O então presidente do Supremo leu nota de repúdio do Conselho à declaração da ministra. Mas episódio de Natal mostra a que ela se referia.

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Mais notícias
Relacionadas

Ponto de partida

Surge uma nova estrela no horizonte da combalida democracia...

Dois anos

Nos discursos de vitoriosos, os novos presidentes do Senado...

Lula é o problema

Já estão no noticiário as especulações sobre troca de...

Trump e Macunaíma

No discurso de posse, Trump poderia estar se dirigindo...
PUBLICIDADE